segunda-feira, 26 de abril de 2010

Será que a pena de morte avilta toda a vida?

QUANDO prezamos altamente algo, usualmente nos dispomos a pagar alto preço por isso. Mas se o consideramos insignificante, só pagamos pouco, ou não pagamos nada por tal coisa. Isso é apenas razoável.
A punição pelo crime também tem sido, em geral, considerada desta forma. Supõe-se que o criminoso “pague” por seu crime, na proporção de sua gravidade, usualmente por meio de multa ou privação da liberdade. Este princípio era seguido ainda mais de perto na lei bíblica. Ela exigia que o criminoso compensasse quaisquer perdas reais, além de sofrer danos punitivos. O princípio do igual por igual estendia-se até mesmo ao homicídio. A lei de Deus exigia “vida por vida”. — Deu. 19:21, Pontifício Instituto Bíblico (PIB).
O modo humano de pensar amiúde ignora esta relação de valor igual quando se trata de tirar a vida. A atenção é transferida da vida da vítima para a do homicida. A vida de possíveis vítimas inocentes futuras também é ignorada, ao passo que a vida do homicida comprovado se torna de alto valor. Eliminar tal vida, afirmam os opositores bem-intencionados da pena de morte, é aviltar toda a vida, violando a “santidade da vida”. É razoável tal conceito?
Bem, conforme indicado antes, o valor que atribuímos a algo é usualmente indicado pelo preço que nos dispomos a pagar por isso. Deve o valor da vida duma vítima inocente de homicídio ser reduzido ao de mera propriedade roubada ou danificada, a ser compensada com simples termo de prisão? Pelo que parece, muitos acham que sim. Mas, o Originador da vida fixa o valor da vida inocente no máximo que um homicida tenha para dar—sua própria vida. “Quem derramar o sangue do homem, pelo homem será derramado o seu próprio sangue.” Longe de aviltar a vida, esta lei dada por Deus atribui o máximo valor possível a ela, um preço que muitos não desejam seja pago. — Gên. 9:6.
Na realidade, os que aviltam a vida não são realmente aqueles que impõem penas leves aos que tiram a vida de outros? Seu modo desequilibrado de pensar sobre tal assunto é evidente ao considerarmos como encaram outros assuntos quando a vida está em jogo. Será coerente protestar para que não se tire a vida de centenas de assassinos comprovados, ao passo que, ao mesmo tempo, advoga-se, e até mesmo legaliza-se, a matança anual, pelo aborto, de calculadamente 50 milhões de fetos humanos inocentes, em todo o mundo?
Ou, quão razoável é opor-se à pena de morte para os criminosos assassinos e, ainda assim, justificar a matança da nata do seu próximo na guerra, por causa de diferenças políticas? Por exemplo, a Comissão Central do Conselho Mundial de Igrejas declarou que a pena capital era violação da “santidade da vida”. Todavia, ao mesmo tempo, o Conselho entregava milhares de dólares a grupos de guerrilhas africanos que ceifavam vidas com fins políticos!
Pelo que parece, a “santidade da vida” não é verdadeira questão para muitos oponentes da pena capital. Será sábio colocar o modo de pensar de pessoas dotadas de valores tão contraditórios, não importa quão bem-intencionadas sejam, à frente do critério de Deus nesse assunto?

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