quinta-feira, 22 de abril de 2010

O Que a Polícia Enfrenta




Para ilustrar a frustração que os policiais amiúde enfrentam em combater o crime, deixe-me relatar o seguinte: Um colega recentemente flagrou uma menina de 12 anos e um garoto de 13 anos tendo relações sexuais no terraço de um prédio. Levou a menina para os pais dela. A mãe dela, porém, mandou que ele cuidasse de sua própria vida, dizendo: “Ela é uma mulher agora; poderá fazer isso sempre que quiser.” Uma experiência assim faz o policial sentir-se desvalido. Acho que esta moderna atitude permissiva, onde vale tudo, contribui para o aumento do crime.

Nas favelas, o policial representa a parte da sociedade que as pessoas acham as tem chutado e as mantém na lama. Assim, não raro somos encarados mais como ameaça do que como ajuda nessas localidades. Por exemplo, quando entramos numa vizinhança para retirar de lá um atravessador de tóxicos, seus vizinhos lutam a favor do atravessador e contra nós. Esta atitude antipolicial também, segundo creio, é outro fator contribuinte no aumento do crime.

Lembro-me dum incidente no bairro de Bedford-Stuyvesant de Brooklyn. Um par de sujeitos roubara um carro, e tentava fugir. Nós os perseguíamos e eles bateram com o carro, destroçando-o. Nós os encurralamos e colocamos de rosto contra a parede, com nossos revólveres sacados. Mas, antes que o percebêssemos, formara-se uma turba que começou a ameaçar-nos. Eu lhe digo que a melodia mais doce que já ouvi foi a das sirenas dos carros-patrulhas que vieram ajudar-nos.

É preciso enfrentar tais situações para entender a sensação doentia do gélido terror. Sei que os críticos se inclinam a censurar a polícia por usar seus revólveres depressa demais e pelo uso desnecessário da força. Mas, é fácil criticar outros dum lugar seguro. Os críticos pensariam de modo diferente, creio eu, se tivessem de enfrentar criminosos armados.

A situação é assombrosa! Cerca de um policial é morto cada mês na cidade! O total de crimes é quase inacreditável — um colega, outro dia, disse que um carro-patrulha teve que lidar com cinco roubos numa ronda, a maioria sendo de assaltos a farmácias.

Até os assassínios se tornaram rotina, e os policiais amiúde ficam endurecidos diante deles. O policial John Flores, que trabalhava no 73.° Distrito de Brownsville, de alta incidência de crimes, ilustrou o assunto por descrever uma ronda em que esteve tão ocupado que, quando comia um sanduíche, notou que não havia lavado as mãos para remover o sangue duma vítima de assassinato.

As pessoas nessas áreas também ficam endurecidas. Em outro caso, o marido matara a mulher. Tinham doze filhos, e, à medida que prosseguia a investigação, vários deles brincavam de pegador pela casa, como se nada tivesse acontecido!

Mas, por que se perde a batalha contra o crime? Caberá a culpa à falta de preparo dos policiais para seu serviço?

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