quarta-feira, 30 de junho de 2010

Criminosos por necessidade ou por escolha?

Será que o crime é a única escolha que alguns têm para sobreviver? “Eu encarava o crime como uma reação quase que normal, ou até desculpável, à esmagadora pobreza, à instabilidade e ao desespero que permeava a vida [dos criminosos]”, reconhece Samenow. Mas depois de fazer muita pesquisa ele mudou seu ponto de vista. “Os criminosos decidem cometer crimes”, ele concluiu. “O crime . . . é ‘causado’ pelo modo de pensar [da pessoa], e não pelo ambiente.” Ele acrescenta: “O comportamento é, em grande parte, produto da reflexão. Tudo o que fazemos é precedido, acompanhado e seguido pela reflexão.” Assim, ele chegou à conclusão de que os criminosos, em vez de serem vítimas, “faziam vítimas e haviam escolhido livremente seu modo de vida”.
A palavra-chave é ‘escolha’. De fato, uma manchete recente em um jornal britânico dizia: “O crime é a carreira que rapazes da cidade escolhem porque desejam melhorar de vida.” As pessoas têm livre-arbítrio e podem escolher que caminho querem seguir, mesmo em circunstâncias difíceis. Deve-se admitir que milhões lutam todo dia contra a injustiça social e a pobreza, ou talvez pertençam a famílias problemáticas; mas nem por isso se tornam delinqüentes. Samenow diz: “Os criminosos são a causa do crime — e não bairros ruins, pais incapazes . . . ou o desemprego. O crime é produto da mente humana e não o resultado das condições sociais.”

O problema do crime tem solução?

“Estudos mostram que a maioria dos reincidentes continuará a cometer crimes contra a sociedade mesmo depois de terem ficado na prisão, e os custos, que não são medidos apenas em dinheiro, continuarão a ser astronômicos.” — INSIDE THE CRIMINAL MIND (POR DENTRO DA MENTE CRIMINOSA), DO DR. STANTON E. SAMENOW.
NÃO importa em que parte do mundo você viva, cada dia parece trazer uma nova safra de crimes chocantes. Portanto, é razoável perguntar: Será que as atuais medidas para conter o crime — penas severas, sentenças de prisão e assim por diante — estão funcionando? A prisão reabilita criminosos? E mais importante: A sociedade está conseguindo “cortar o mal pela raiz”?
Com respeito às atuais medidas para conter o crime, o Dr. Stanton E. Samenow escreveu: “Depois de saber como é ficar na cadeia, [o criminoso] talvez fique mais esperto e cauteloso, mas continua a levar seu modo de vida oportunista e a cometer crimes. As estatísticas relacionadas à reincidência [voltar a cometer crimes] só mostram se o criminoso foi ou não cuidadoso o suficiente para evitar ser preso [de novo].” Assim, as prisões na verdade acabam se tornando escolas de aperfeiçoamento para criminosos e, sem querer, os ajudam a aprimorar suas técnicas. — Veja o quadro “‘Escolas do crime’?”, na página 7.
Além disso, muitos crimes não são punidos, o que leva os delinqüentes a pensar que o crime realmente compensa. Isso pode deixá-los mais ousados e determinados a não mudar. Um governante sábio escreveu certa vez: “Por não se ter executado prontamente a sentença contra um trabalho mau é que o coração dos filhos dos homens ficou neles plenamente determinado a fazer o mal.” — Eclesiastes 8:11.

terça-feira, 29 de junho de 2010

Como os furtadores pagam

Antigamente, quando os donos de loja pegavam alguém furtando, em geral davam uma dura advertência e o deixavam ir embora. Hoje em dia é comum eles fazerem com que até mesmo os que furtam pela primeira vez sejam presos. Os ladrões então percebem que seu crime tem sérias conseqüências. A jovem Natalie descobriu isso por si mesma.
Ela disse: “Quanto mais eu roubava, mais confiante ficava. Eu achava que, mesmo que fosse pega, os custos com o advogado e o processo ainda seriam menores do que se eu tivesse pago por aquelas roupas maravilhosas.” Natalie estava errada.
Ela foi pega roubando um vestido, e a polícia a levou algemada para a delegacia, onde tiraram suas impressões digitais e a trancaram numa cela com outras criminosas. Ela ficou horas esperando até seus pais conseguirem pagar a fiança.
Isto é o que Natalie diz a qualquer pessoa que pensa em roubar: “Vá por mim: compre logo a maldita roupa.” Ela diz que, se você decidir roubar, “vai se arrepender por muito tempo”.
Uma ficha criminal é motivo de arrependimento. Os condenados por furto em lojas talvez descubram, para sua humilhação, que seu crime não cai no esquecimento, mas sempre aparece para atormentá-los, como uma mancha numa roupa. O furtador talvez tenha de declarar seu crime ao tentar ingressar numa universidade. Ele pode ter dificuldades ao tentar iniciar uma carreira, como medicina, odontologia ou arquitetura. As empresas talvez pensem duas vezes antes de lhe dar um emprego. E esses problemas podem surgir mesmo que ele tenha cumprido a pena imposta pelo tribunal e não roube mais.
Furtar pode sair caro mesmo que o criminoso não seja condenado. Foi isso o que descobriu Hector, mencionado no artigo anterior. Ele diz: “Eu sempre conseguia escapar e nunca fui pego roubando.” Mas ele teve de pagar caro por isso. Refletindo, ele diz: “Acho que os jovens têm de entender uma coisa: você colhe o que planta. Mesmo que você nunca seja pego pela polícia, vai pagar pelo que fez.”
Furtos em lojas não são crimes sem vítimas, e as coisas roubadas têm preço. Qualquer pessoa que tem o hábito de furtar deve abandonar completamente essa prática. Mas como uma pessoa nessa situação pode encontrar a força necessária para deixar de roubar de uma vez por todas? Será que esse crime vai ser algum dia eliminado?

O alto preço que os pais pagam

Bruce é um homem de elevados princípios, que ensina seus filhos a ser honestos. Um dia sua filha foi pega roubando. “Fiquei arrasado”, diz ele. “Imagine receber um telefonema e ouvir que pegaram sua filha furtando. Passamos anos criando nossa filha para ser uma boa pessoa e agora acontece isso. Nunca imaginamos que ela se rebelaria assim.”
Bruce ficou muito abatido de preocupação com a filha e o futuro dela. Além disso, ele renunciou à sua função de instrutor religioso voluntário. “Como eu poderia ir à tribuna e encarar a congregação? Como eu poderia, de consciência limpa, dar conselhos sobre a criação de filhos? Eu achava que não era certo.” Parece que sua filha não parou para pensar em como o crime dela o afetaria.

O cliente paga

Os preços aumentam quando as pessoas roubam lojas. Assim, em alguns lugares, os consumidores pagam 300 dólares por ano em preços mais altos por causa dos furtos em lojas. Isso significa que, se você ganha 60 dólares por dia, trabalha o equivalente a uma semana por ano para pagar pelo que outros roubam. Você tem condições de pagar tudo isso? Para os aposentados que sobrevivem com uma pensão ou para uma mãe que luta para sustentar sozinha a família, perder o salário de uma semana dessa forma pode ser arrasador. Os prejuízos não acabam aí.
Toda uma vizinhança pode sofrer quando a loja da esquina fecha. Relata-se que, numa comunidade americana bem unida, uma farmácia foi fechada recentemente por causa de furtos. Para conseguir seus remédios, muitos idosos e doentes agora precisam se deslocar dois quilômetros e meio até outra farmácia. “Imagine fazer isso numa cadeira de rodas”, disse uma autoridade.

Que dizer de pequenos furtos?

Numa loja com a mãe, um menininho vai sozinho até a seção de doces. Ele abre um pacote e disfarçadamente põe um bombom no bolso. Será que esse pequeno furto faz diferença para a loja?
Na brochura Curtailing Crime—Inside and Out (Como Reduzir o Crime — Dentro e Fora), a Administração de Pequenos Negócios dos Estados Unidos diz: “Pequenos furtos podem parecer crimes insignificantes aos olhos de um malandro que de vez em quando leva uma caneta aqui, uma calculadora ali. Mas, para uma pequena empresa que luta para sobreviver, isso é um assassinato.” Visto que a margem de lucro é tão pequena, para recuperar uma perda anual de mil dólares causada por furtos, o varejista precisa vender 900 barras de chocolate ou 380 latas de sopa a mais por dia. Então o prejuízo para uma loja é grande se muitos menininhos roubarem bombons. É aí que está o problema.
Milhões de pessoas, jovens e idosas, ricas e pobres, de todas as raças e formações, roubam mercados e lojas. Com que resultado? O Conselho Nacional de Prevenção de Crime dos Estados Unidos relata que um terço de todos os estabelecimentos comerciais naquele país é obrigado a fechar por causa de roubo. Não há dúvida de que o comércio em outros países está na mesma situação.

Como as lojas pagam

Para os comerciantes do mundo todo, o furto em lojas custa muitos bilhões de dólares por ano. Algumas pessoas calculam que só nos Estados Unidos as perdas ultrapassam 40 bilhões de dólares. Quantas empresas têm condições de perder sua parcela dessa quantia? Muitas lojas não conseguem lidar com a situação. Quando ladrões invadem os corredores de uma loja, eles podem pôr em risco o trabalho de uma vida toda.
“Além da concorrência, o furto em lojas é mais uma coisa com que temos de nos preocupar. Eu não sei por quanto tempo mais conseguiremos manter nosso comércio”, diz Luke, dono de uma loja em Nova York. Ele não tem condições de instalar um sistema de segurança eletrônico. Com respeito aos ladrões, ele diz: “Qualquer pessoa pode estar furtando, mesmo meus bons fregueses.”
Alguns acham que o problema de Luke não é sério. Dizem: “Essas lojas ganham muito dinheiro; por isso, o que eu pego não faz diferença.” Mas será que os lucros das lojas são realmente tão altos?
Em alguns lugares as lojas acrescentam 30%, 40% ou 50% ao preço de custo de um item, mas essa porcentagem não é de lucro bruto. Os comerciantes usam a renda extra para pagar custos operacionais, como aluguel, impostos, salários e benefícios de empregados, manutenção predial, consertos de equipamentos, seguros, eletricidade, água, sistemas de aquecimento e de refrigeração de ar, telefone e segurança. Depois dessas despesas, o lucro pode ser de 2% ou 3%. Portanto, quando alguém rouba uma loja, parte do meio de vida do comerciante vai embora.

Furto em lojas — quem paga?

NO Japão, o dono de uma loja pegou um menino roubando e chamou a polícia. O menino saiu correndo quando os policiais chegaram, e eles foram atrás dele. Ao atravessar a estrada de ferro, o menino foi atropelado por um trem e morreu.
O acontecimento teve grande publicidade, e alguns condenaram o dono da loja por ter chamado a polícia. Ele fechou a loja até que as coisas se acalmassem. Depois de reaberta, foi novamente invadida por ladrões. Mas, por causa das lembranças do recente pesadelo, o dono ficou com medo de enfrentá-los. Sua loja ficou conhecida como um alvo fácil, e pouco tempo depois ele teve de fechá-la definitivamente.
É verdade que nem todos os casos são tão trágicos assim, mas esse serve para ilustrar uma verdade importante. Furtar a lojas sai caro — de muitas maneiras e para muitas pessoas. Vamos analisar mais de perto o alto preço desse crime.

Criminosos por necessidade ou por escolha?

Será que o crime é a única escolha que alguns têm para sobreviver? “Eu encarava o crime como uma reação quase que normal, ou até desculpável, à esmagadora pobreza, à instabilidade e ao desespero que permeava a vida [dos criminosos]”, reconhece Samenow. Mas depois de fazer muita pesquisa ele mudou seu ponto de vista. “Os criminosos decidem cometer crimes”, ele concluiu. “O crime . . . é ‘causado’ pelo modo de pensar [da pessoa], e não pelo ambiente.” Ele acrescenta: “O comportamento é, em grande parte, produto da reflexão. Tudo o que fazemos é precedido, acompanhado e seguido pela reflexão.” Assim, ele chegou à conclusão de que os criminosos, em vez de serem vítimas, “faziam vítimas e haviam escolhido livremente seu modo de vida”.
A palavra-chave é ‘escolha’. De fato, uma manchete recente em um jornal britânico dizia: “O crime é a carreira que rapazes da cidade escolhem porque desejam melhorar de vida.” As pessoas têm livre-arbítrio e podem escolher que caminho querem seguir, mesmo em circunstâncias difíceis. Deve-se admitir que milhões lutam todo dia contra a injustiça social e a pobreza, ou talvez pertençam a famílias problemáticas; mas nem por isso se tornam delinqüentes. Samenow diz: “Os criminosos são a causa do crime — e não bairros ruins, pais incapazes . . . ou o desemprego. O crime é produto da mente humana e não o resultado das condições sociais.”

O problema do crime tem solução?



“Estudos mostram que a maioria dos reincidentes continuará a cometer crimes contra a sociedade mesmo depois de terem ficado na prisão, e os custos, que não são medidos apenas em dinheiro, continuarão a ser astronômicos.” — INSIDE THE CRIMINAL MIND (POR DENTRO DA MENTE CRIMINOSA), DO DR. STANTON E. SAMENOW.
NÃO importa em que parte do mundo você viva, cada dia parece trazer uma nova safra de crimes chocantes. Portanto, é razoável perguntar: Será que as atuais medidas para conter o crime — penas severas, sentenças de prisão e assim por diante — estão funcionando? A prisão reabilita criminosos? E mais importante: A sociedade está conseguindo “cortar o mal pela raiz”?
Com respeito às atuais medidas para conter o crime, o Dr. Stanton E. Samenow escreveu: “Depois de saber como é ficar na cadeia, [o criminoso] talvez fique mais esperto e cauteloso, mas continua a levar seu modo de vida oportunista e a cometer crimes. As estatísticas relacionadas à reincidência [voltar a cometer crimes] só mostram se o criminoso foi ou não cuidadoso o suficiente para evitar ser preso [de novo].” Assim, as prisões na verdade acabam se tornando escolas de aperfeiçoamento para criminosos e, sem querer, os ajudam a aprimorar suas técnicas. — Veja o quadro “‘Escolas do crime’?”, na página 7.
Além disso, muitos crimes não são punidos, o que leva os delinqüentes a pensar que o crime realmente compensa. Isso pode deixá-los mais ousados e determinados a não mudar. Um governante sábio escreveu certa vez: “Por não se ter executado prontamente a sentença contra um trabalho mau é que o coração dos filhos dos homens ficou neles plenamente determinado a fazer o mal.” — Eclesiastes 8:11.

Violência contra as mulheres — um problema mundial

DIA 25 de novembro é o Dia Internacional para a Eliminação da Violência contra a Mulher. Esse dia foi reconhecido oficialmente pela Assembléia Geral das Nações Unidas em 1999 a fim de conscientizar as pessoas da violação dos direitos das mulheres. Por que isso foi considerado necessário?
Em muitas culturas, as mulheres são encaradas e tratadas como cidadãs de classe inferior. O preconceito contra elas está profundamente arraigado. A violência contra as mulheres, em todas as suas formas, é um problema contínuo, mesmo nos países considerados desenvolvidos. De acordo com o ex-secretário-geral da ONU, Kofi Annan, “a violência contra as mulheres é um problema mundial que atinge todas as sociedades e culturas e afeta as mulheres, independentemente da sua raça, etnia, origem social, nascimento ou qualquer outra condição”.
Radhika Coomaraswamy, ex-Relatora Especial das Nações Unidas da Comissão dos Direitos Humanos, referindo-se à violência contra as mulheres, disse que, para a grande maioria delas, esse tipo de violência é “um tabu, algo que a sociedade finge não ver e uma realidade vergonhosa”. Estatísticas divulgadas por uma organização de vitimologia, na Holanda, indicam que 23% das mulheres em um país sul-americano, ou cerca de 1 em cada 4, sofrem alguma forma de violência doméstica. Do mesmo modo, o Conselho da Europa calcula que 1 em cada 4 mulheres européias sofre violência doméstica durante sua vida. De acordo com o Ministério do Interior Britânico, na Inglaterra e no País de Gales, num ano recente, em média duas mulheres por semana foram mortas pelo parceiro, atual ou anterior. A revista India Today International, relatou que “para as mulheres da Índia, o medo é um companheiro constante e o estupro é o estranho que talvez tenham de encarar em qualquer esquina, rua, lugar público e a qualquer momento”. A Anistia Internacional descreve a violência contra mulheres de todas as idades como “o mais comum dos desafios aos direitos humanos” de hoje em dia.
Será que as estatísticas acima refletem a atitude de Deus para com as mulheres? Essa pergunta será considerada no próximo artigo.

terça-feira, 15 de junho de 2010

Castigo ou Reabilitação?

A questão debatida é: Devem às prisões ser primariamente locais de castigo para os malfeitores, ou locais de reabilitação? Breve exame da história, contudo, revela que há alternativas inteiramente diversas.

Nos tempos antigos, não existiam prisões, conforme as conhecemos. Naquele tempo, os malfeitores eram executados, ou então recebiam castigo físico, isto é, punição corporal. Isso podia incluir o açoite, ser marcados a ferro quente ou aleijados, após o que o malfeitor era solto.

Daí, nos séculos dezoito e dezenove, a pena de morte passou a ser aplicada a menos crimes, e o castigo físico foi gradualmente abolido. Foi quando aumentou o costume de mandar os malfeitores para a prisão. Estas eram locais infestados de insetos nocivos, sujos, superlotados, onde o alimento era escasso e os reclusos trabalhavam longas horas. Muitos morriam devido às terríveis condições. O castigo era a finalidade primária de tais prisões.

Nos tempos mais recentes, ocorreu uma mudança de atitudes. No século passado, propôs-se a idéia de que a principal finalidade das prisões devia ser reformar ou reabilitar os reclusos. Nos EUA, já em 1970, a Força-Tarefa Sobre a Reabilitação dos Presos, do ex-presidente Nixon, concluiu que os programas de reabilitação de presos deveriam tornar-se modalidade central de futuras diretrizes carcerárias.

Mas, recentemente, os esforços de reabilitação têm sofrido críticas. Esta súbita mudança de ponto de vista me interessava.

O problema carcerário — qual é a solução?

NO DIA 16 de agosto do ano passado, recebi um telefonema em meu escritório, em Brooklyn, Nova Iorque. Reconheci a voz dum velho amigo, que dizia: “Gostaria de proferir alguns discursos na prisão de Angola, lá na Luisiana?”

“Se eu gostaria? É claro que sim, gostaria muito!” Fiquei contente de ter essa oportunidade.

Há cerca de um ano, tinha lido a respeito de um programa de reabilitação de grande êxito, naquela prisão, e queria observá-lo em primeira mão. Foram feitos arranjos para que eu chegasse até lá de avião, em 4 de novembro de 1976.

Nutro profundo interesse pelas prisões e pelos esforços de reabilitar os presidiários. Isto se deve, em grande parte, a que eu passei cerca de dois anos atrás das grades, na década de 1940. Não estava detido por algum crime, mas porque minha consciência não me permitia tomar armas para a guerra.

Faz muito tempo que as prisões apresentam problemas — a superpopulação talvez seja o maior, atualmente. Notei a seguinte notícia no Post de Denver, EUA, ano passado: “A construção de prisões ameaça tornar-se a indústria de maior crescimento da década de 70. . . . 524 novas instalações ou anexos estão agora sendo planejados.” — 25 de abril de 1976.

Mas, será que construir mais prisões equacionará o problema? Será que o melhor meio de lidar com malfeitores é mandá-los para a cadeia?

Interessei-me pelo debate, que está sendo travado nos últimos anos, quanto a qual deve ser a verdadeira finalidade das prisões.
400.000 em média — diariamente atrás das grades.

Cada prisioneiro custa Cr$ 15.000,00 por ano.

Muda o Conceito Sobre Prisões

Durante os séculos dezoito e dezenove, movimentos de reforma começaram a mudar o método de se tratar os violadores da lei. Tais reformas gradualmente acabaram com a pena de morte para muitos crimes. Nos anos recentes, muitos países abandonaram por completo a pena de morte. Também, acabou-se gradualmente com o castigo físico. Ao invés, sentenças de prisão se tornaram substitutos para a pena de morte e os castigos físicos.

Isto significava que as prisões agora tinham de manter muitas pessoas, algumas por longos períodos de tempo. Assim, grande número de prisões tiveram de ser construídas para reter tais ofensores. Algumas prisões construídas foram chamadas de “penitenciárias”, porque se pensava que nelas o criminoso tornar-se-ia penitente. Esperava-se que usaria o tempo para meditar em seu crime e lastimá-lo, de modo que não desejasse cometer outro crime depois de ser liberto.

No entanto, tais prisões primitivas eram não raro câmaras de terror. De início, tanto os convictos como aqueles que aguardavam julgamento (inclusive os inocentes), homens e mulheres, velhos e jovens, saudáveis e doentes, ofensores em primeiro grau e criminosos endurecidos, eram colocados juntos. As prisões usualmente estavam infestadas de parasitos, eram sujas e apinhadas. Rapidamente se tornaram centros de degradação física e moral. A respeito de uma prisão típica na Inglaterra, The Gentleman’s Magazine, de 1759, disse:

“Torna-se um seminário de perversidade em todos os seus ramos. O aprendiz vadio, logo que colocado na casa de correção, torna-se associado com assaltantes de estradas, violadores de domicílio, batedores de carteiras e prostitutas ambulantes, sendo testemunha da mais horrível impiedade e da mais completa lascívia, e, em geral, deixa atrás de si qualquer boa qualidade com que ali entrou, junto com sua saúde.”

Em 1834, uma autoridade viajou para a Ilha de Norfolk, colônia penal situada a uns 1.450 quilômetros ao nordeste de Sidnei, Austrália. Foi enviado ali para consolar alguns homens prestes a ser executados. Escreveu a respeito de sua experiência:

“É um fato notável que, à medida que mencionava os nomes dos homens que deveriam morrer, eles, um após outro, ao serem pronunciados seus nomes, caiam de joelhos e agradeciam a Deus por serem libertos daquele horrível lugar [por serem executados], ao passo que outros, aqueles a serem retidos [não executados], permaneciam mudos e chorando. Foi a cena mais horrível que já presenciei.”

Até mesmo neste século vinte, as condições carcerárias eram com freqüência abomináveis até nos EUA. Depois de uma visita de inspeção às prisões, no início da década de 1920, certa autoridade ficou tão horrorizada com o tratamento dos presos que declarou: “Lidávamos com atrocidades.”

Assim, ao invés de lugares de detenção antes do julgamento, na maior parte dos últimos séculos, as prisões cada vez mais se tornaram lugares de punição. O confinamento, as condições, as atitudes para com os presos, todas constituíam terrível ordálio. Mas, a maioria das pessoas parecia aceitar isto como a melhor forma de impedir que outros cometessem crimes, e também de impedir que alguém que já cumprira uma sentença cometesse outros crimes. Pensava-se que, certamente, não iria desejar passar de novo por tal ordálio. Mas, pouco ou nada se tentou fazer para reformar os ofensores, de modo a torná-los membros mais úteis da sociedade.

Assim, neste estágio de como lidar com os violadores da lei, as prisões eram, consideradas como um mal lamentável, mas necessário. Quando outros bradavam contra as durezas sofridas pelos presos um comentário ouvido com freqüência em resposta era: “Deveriam ter sido mais cuidadoso para não irem parar lá.”

Todavia, sob tal conceito, será que as prisões resultaram ser melhor meio dissuasório para o crime? Eram superiores aos métodos prévios de pena capital e de castigo físico?

Como Se Originaram?

Talvez lhe surpreenda saber que as prisões, conforme existem hoje, têm origem relativamente recente. Nos tempos antigos, havia muito poucas prisões. Antes dos anos 1700, as pessoas não eram usualmente encarceradas como punição pelos seus crimes. Era só o ofensor especial que era punido com prisão, talvez por ser algemado ali, ou obrigado a fazer trabalhos forçados em confinamento, ou brutalizado de outros modos enquanto sob custódia.

Nos tempos primitivos, as prisões em geral eram simples lugares de detenção para alojar pessoas acusadas dum crime, mas que ainda não haviam sido julgadas. Depois do seu julgamento, eram sentenciadas a um castigo, se julgadas culpadas. Mas, com poucas exceções, tal castigo não era uma sentença de prisão. Eram executadas, usualmente por decapitação ou enforcamento, ou se lhes dava um castigo físico, isto é, uma punição física, que podia incluir açoites, marcar a ferro quente ou mutilação e então eram libertas.

Alguns criminosos eram serem colocados no tronco, que consistia em uma armação de madeira, com buracos para os tornozelos e, às vezes, os pulsos. Desta forma, sentada, a pessoa culpada ficava exposta ao ridículo público por um período de tempo e então era libertada. O pelourinho era similar, sendo uma armação de madeira erguida sobre um poste, com buracos para a cabeça e as mãos do ofensor, que ficava em posição ereta. Era, também, usado para expô-lo ao ridículo público por breve período, depois do que era libertado. Às vezes, os criminosos eram enviados para ser escravos, amiúde nas galeras. Estas eram navios impulsionados por fileiras de remos. O ofensor, usualmente acorrentado, tinha de servir por um período da tempo remando.

Nos Estados Unidos e na Inglaterra, durante o princípio dos anos 1700, a pena capital (a pena de morte) era usada para mais de duzentas ofensas separadas. Para os crimes menores, os ofensores recebiam castigos físicos, tais como açoites, mutilação ou ser colocados no tronco. Mas, eram então libertos. Pouquíssimos cumpriam o que hoje é conhecido como sentença de prisão.

No antigo Israel, a lei dada por Deus mediante Moisés não continha provisão alguma para prisões. A única vez em que pessoas eram detidas temporariamente era quando um caso era particularmente difícil e tinha de aguardar esclarecimento. (Lev. 24:12; Núm. 15:34) Mas, ninguém jamais cumpria uma sentença de prisão na história primitiva do Israel antigo.

Estes métodos primitivos de se cuidar dos criminosos significava que muito poucos fundos públicos eram gastos com os ofensores. Havia poucas prisões ou guardas para mantê-las.

O que acontece às prisões?

ATRAVÉS da história, tem sido o direito reconhecido das sociedades punir o crime. Atualmente, a forma em que quase todos os países tratam as pessoas que cometem crimes graves é confiná-las às prisões. Algumas permanecem ali pelo resto de suas vidas.

Quantas pessoas vêem o interior de uma prisão desta forma a cada ano? Apenas nos EUA, cerca de 2.500.000. Em qualquer dia, cerca de 1.250.000 pessoas aguardam julgamento ou cumprem sentenças em prisões, reformatórios, campos de trabalho e clínicas, ou se acham sob livramento condicional ou em “sursis”. São cuidadas por cerca de 120.000 pessoas. Quanto isto custa ao contribuinte? Cerca de seis bilhões de cruzeiros anualmente.

Em anos recentes, as prisões em muitos países têm vindo à atenção do público por motins e derramamento de sangue em larga escala. Isto se dá em especial nos EUA, onde as prisões enfrentam uma crise. Em setembro de 1971, tal crise explodiu no choque mais sangrento nas prisões deste século.

O cenário foi a Casa de Correção Estadual de Attica, em Nova Iorque, onde 1200 presidiários rebelados capturaram 38 guardas e empregados. Depois de quatro dias, mais de 1.000 polícias estaduais e soldados da guarda nacional tentaram capturar a prisão num ataque relâmpago. O tiroteio que se seguiu deixou este tributo final: 32 presos e 10 guardas e empregados que serviram de reféns foram mortos, e mais de 200 presidiários ficaram feridos. Nove dos reféns foram mortos inintencionalmente pelas balas dos agentes da lei invasores.

Visto que as prisões em muitos lugares se acham em dificuldades, é oportuno formular as seguintes perguntas: Como se originaram as prisões modernas? Realizam aquilo a que se destinaram? Será que a vida na prisão ajuda a reformar os criminosos? O que dizer das vítimas dos crimes — quem as compensa? Haverá um modo melhor de lidar com os crimes contra a sociedade? Virá a existir um tempo em que as prisões não mais serão necessárias?

segunda-feira, 7 de junho de 2010

“Busque ajuda agora”

  “Se você é homem e está envolvido sexualmente com crianças, talvez esteja dizendo para si mesmo: ‘Ela gosta disso’, ou ‘ele pediu isso’, ou ‘estou ensinando a ela a respeito de sexo’. Você está mentindo para si mesmo. Verdadeiros homens não se envolvem sexualmente com crianças. Se houver em você um resquício de interesse no bem-estar dessa criança, pare com isso. Busque ajuda agora.” — Um sugerido anúncio de serviço público, citado no livro By Silence Betrayed (Traídos Pelo Silêncio).
  Certa ex-vítima de anos de incesto disse: “O abuso mata as crianças, mata a sua confiança, o seu direito de sentir-se inocente. É por isso que as crianças têm de ser protegidas. Porque agora eu preciso reconstruir toda a minha vida. Por que fazer com que mais crianças tenham de fazer isso?”

  Realmente, por quê?
Abuso sexual de crianças ocorre quando alguém usa uma criança para gratificar seu desejo sexual. Não raro envolve o que a Bíblia chama de fornicação, ou por·ne·í·a, que poderia incluir acariciar a genitália, relação sexual e sexo oral ou anal. Alguns atos abusivos, como acariciar os seios, propostas explicitamente imorais, mostrar pornografia a uma criança, voyeurismo e exposição indecente, podem enquadrar-se no que a Bíblia condena como “conduta desenfreada”. — Gálatas 5:19-21; veja A Sentinela de 15 de setembro de 1983, nota de rodapé na página 30.

Ao passo que a maioria dos molestadores de crianças sofreu abusos quando criança, isto não significa que o abuso faz com que as crianças se tornem abusadores. Menos de um terço de crianças que sofreram abusos se tornam molestadores de crianças.

O fim do abuso

Se bem aplicadas, as informações acima podem fazer muito para reduzir as possibilidades de abuso de crianças no seu lar. Lembre-se, porém, que os abusadores trabalham em segredo, exploram a confiança e usam táticas de adultos com crianças inocentes. Inevitavelmente, então, alguns deles parecem realmente se safar de seus crimes repugnantes.

Contudo, tenha certeza de que Deus vê o que eles fazem. (Jó 34:22) A menos que se arrependam e mudem, ele não se esquecerá de seus atos vis. Ele os desmascarará no seu devido tempo. (Compare com Mateus 10:26.) E ele fará justiça.  Deus promete um tempo em que tais traiçoeiros serão ‘arrancados da terra’, e apenas os mansos e brandos que amam a Deus e ao próximo terão permissão de permanecer. (Provérbios 2:22; Salmo 37:10, 11, 29; 2 Pedro 2:9-12) Temos essa esperança maravilhosa de um novo mundo graças ao sacrifício resgatador de Jesus Cristo. (1 Timóteo 2:6) Daí, e somente então, o abuso acabará para sempre.

No ínterim, temos de fazer tudo ao nosso alcance para proteger os nossos filhos. Eles são muito preciosos! A maioria dos pais arriscará prontamente a sua própria segurança para proteger seus filhinhos. (Compare com João 15:13.) Se não protegermos os nossos filhos, as conseqüências podem ser horríveis. Se o fizermos, damo-lhes uma dádiva maravilhosa — uma infância inocente e livre de calamidade. Podem sentir-se como o salmista, que escreveu: “Vou dizer a Deus: ‘Tu és meu refúgio e minha fortaleza, meu Deus, em quem vou confiar.’” — Salmo 91:2.

Corte o ciclo do abuso

Sob provação severa, Jó disse: “Minha alma certamente se enfada da minha vida. Vou externar a minha preocupação comigo mesmo. Vou falar na amargura da minha alma!” (Jó 10:1) Similarmente, muitos pais descobriram que podem ajudar seus filhos ajudando a si mesmos. A publicação The Harvard Mental Health Letter disse recentemente: “Fortes sanções sociais contra os homens expressarem dor aparentemente perpetua o ciclo do abuso.” Parece que os homens que jamais expressam a sua dor de terem sofrido abusos sexuais são os que com maior probabilidade se tornam abusadores. O The Safe Child Book informa que a maioria dos molestadores de crianças foram eles mesmos molestados sexualmente quando crianças, mas sem jamais terem recebido ajuda para se recuperar. Eles expressam a sua dor e a sua ira abusando de outras crianças. — Veja também Jó 7:11; 32:20.

O risco para as crianças pode ser também maior quando as mães não conseguem conviver com o fato de terem sofrido abusos no passado. Por exemplo, pesquisadores informam que mulheres que sofreram abusos sexuais quando meninas não raro se casam com homens que abusam de crianças. Ademais, se uma mulher não consegue conviver com abusos do passado, compreensivelmente poderá achar difícil falar sobre abuso com seus filhos. Se o abuso ocorrer, talvez tenha menos condições de discerni-lo e tomar ação positiva. Os filhos então pagam um preço terrível pela inércia da mãe.

Assim, o abuso pode passar duma geração para a seguinte. Naturalmente, muitos indivíduos que preferem não falar sobre seu doloroso passado parecem aptos para se darem bem na vida, e isso é elogiável. Mas em muitos a dor é mais profunda, e deveras precisam fazer um esforço orquestrado — incluindo, se necessário, buscar ajuda profissional competente — para sarar tais sérias feridas da infância. Seu alvo não é entregar-se à autocomiseração. Eles desejam quebrar esse doentio e danoso ciclo de abuso de crianças que afeta sua família. — Veja Despertai! de 8 de outubro de 1991, páginas 3 a 11.

Lugar emocionalmente seguro

Certa jovem mulher que chamaremos de Sandi diz: “Tudo na minha família era propício ao abuso. Ela se isolava, e cada membro se isolava um do outro.” O isolamento, a rigidez e a obsessão em manter as coisas em segredo — tais atitudes não sadias e não bíblicas são marcas registradas da família em que ocorrem abusos. (Compare com 2 Samuel 12:12; Provérbios 18:1; Filipenses 4:5.) Crie um ambiente doméstico emocionalmente seguro para os filhos. O lar deve ser um lugar onde eles se sintam edificados, à vontade para abrir seus corações e falar francamente.

Além disso, as crianças precisam muito de expressões físicas de amor — abraços, afagos, segurar na mão, brincadeiras animadas. Não exagere nos perigos de abuso sexual por refrear-se dessas demonstrações de amor. Ensine aos filhos por meio de franco e caloroso afeto e elogio que eles são valiosos. Sandi recorda: “Minha mãe achava ser errado elogiar alguém por qualquer coisa que fosse. Fazer isso deixaria a pessoa cheia de si.” Sandi sofreu pelo menos dez anos de abuso sexual em silêncio. Crianças sem certeza de que são amadas, de que são indivíduos dignos, talvez sejam mais suscetíveis aos elogios de um abusador, ao seu “afeto”, ou às ameaças de privá-las disso.

Um pedófilo que abusou sexualmente de centenas de meninos num período de 40 anos admitiu que os meninos que tinham necessidade emocional de um amigo como ele eram as “melhores” vítimas. Não crie tal necessidade em seus filhos.

Leis morais

Exerce a lei bíblica alguma influência na sua família? Por exemplo, Levítico 18:6 diz: “Não vos deveis chegar, nenhum de vós, a qualquer parente carnal que lhe seja chegado, para descobrir a nudez. Eu sou Deus” Similarmente, a congregação cristã hoje aplica leis fortes contra todas as formas de abuso sexual. Quem abusa sexualmente de uma criança corre o risco de ser desassociado, ser expulso da congregação. — 1 Coríntios 6:9, 10.

Todas as famílias deviam conhecer e recapitular junto essas leis. Deuteronômio 6:6, 7 insta: “E estas palavras que hoje te ordeno têm de estar sobre o teu coração; e tens de inculcá-las a teu filho, e tens de falar delas sentado na tua casa e andando pela estrada, e ao deitar-te e ao levantar-te.” Inculcar essas leis significa mais do que ocasionalmente passar um sermão nos filhos. Envolve uma troca regular de informações. Periodicamente, tanto o pai como a mãe devem reafirmar seu apoio às leis de Deus sobre incesto e os motivos amorosos que as justificam.

Poderá também usar histórias, tais como as de Tamar e Amnom, filhos de Davi, para mostrar às crianças que em assuntos sexuais existem limites que ninguém — nem mesmo parentes íntimos — jamais deve ultrapassar. — Gênesis 9:20-29; 2 Samuel 13:10-16.

Pode-se mostrar respeito por esses princípios até mesmo pela maneira de morar junto. Num certo país oriental, pesquisas mostram que muitos casos de incesto ocorrem em famílias em que as crianças dormem junto com os pais, mesmo quando não há necessidade econômica para isso. Similarmente, em geral não é sensato que irmãos do sexo oposto compartilhem a mesma cama ou o mesmo quarto, ao ficarem mais velhos, se isso for evitável. Mesmo se morar num lugar apertado for uma realidade da vida, os pais devem usar de bom senso ao decidir onde cada membro da família vai dormir.

A lei bíblica proíbe a bebedeira, sugerindo que esta pode levar à perversão. (Provérbios 23:29-33) Segundo certo estudo, de 60 a 70 por cento das vítimas de incesto informaram que o perpetrante do abuso (genitor) havia bebido quando o abuso começou.

Prevenção no lar

Mônica tinha nove anos quando ele começou a abusar dela. Ele começou a espiá-la, quando ela trocava de roupa; daí passou a ir ao quarto dela à noite e a tocar nas suas partes íntimas. Quando ela lhe resistiu, ele ficou furioso. Certa vez chegou a atacá-la com um martelo e a atirá-la escada abaixo. “Ninguém acreditaria em mim”, lembra-se Mônica — nem mesmo a mãe dela. O abusador era o padrasto de Mônica.

A MAIOR ameaça às crianças não é um tipo de personagem misterioso, um solitário à espreita num matagal. É um membro da família. A ampla maioria dos abusos sexuais ocorre dentro do lar. Portanto, como pode o lar tornar-se mais seguro contra o abuso?

Em seu livro Slaughter of the Innocents (Matança dos Inocentes), o historiador Dr. Sander J. Breiner examina as evidências de abuso de crianças em cinco sociedades antigas — Egito, China, Grécia, Roma e Israel. Ele concluiu que, embora existissem casos de abuso em Israel, estes eram relativamente raros em comparação com as outras quatro civilizações. Por quê? Diferente de seus vizinhos, ao povo de Israel se ensinava respeitar as mulheres e as crianças — um conceito esclarecido que deviam às Escrituras Sagradas. Quando os israelitas aplicavam a lei divina à vida familiar, evitavam o abuso de crianças. As famílias de hoje mais do que nunca precisam desses padrões limpos e práticos.

terça-feira, 1 de junho de 2010

Polícia: a esperança e o medo da população

NO INÍCIO do século 19, muitos na Inglaterra resistiram às propostas da criação de uma força policial uniformizada. Temiam que um exército sob o comando de um governo central constituísse uma ameaça à liberdade. Havia também o receio de que se desenvolvesse um sistema de policiais espiões, como ocorreu na França sob José Fouché. Mas o dilema era: ‘O que faremos sem polícia?’

Ao passo que Londres se tornara a maior e a mais rica cidade do mundo, o aumento da criminalidade representava uma ameaça ao seu comércio. Os vigias noturnos voluntários e os caçadores de ladrões (detetives de uma entidade privada denominada Bow Street Runners) não davam conta de proteger a população e suas propriedades. Clive Emsley comenta no seu livro The English Police: A Political and Social History (História Política e Social da Polícia Inglesa): “Houve uma conscientização cada vez maior de que o crime e a desordem não poderiam ser tolerados numa sociedade civilizada.” Assim, os londrinos acharam por bem dispor de uma força policial profissional, organizada sob a direção de Sir Robert Peel. Em setembro de 1829, policiais uniformizados da Polícia Metropolitana começaram a fazer rondas.

Desde o começo de sua história moderna, a polícia tem inspirado esperança e medo na população — esperança de que proporcione segurança e medo de que abuse de sua autoridade.

Como os furtadores pagam



Antigamente, quando os donos de loja pegavam alguém furtando, em geral davam uma dura advertência e o deixavam ir embora. Hoje em dia é comum eles fazerem com que até mesmo os que furtam pela primeira vez sejam presos. Os ladrões então percebem que seu crime tem sérias conseqüências. A jovem Natalie descobriu isso por si mesma.

Ela disse: “Quanto mais eu roubava, mais confiante ficava. Eu achava que, mesmo que fosse pega, os custos com o advogado e o processo ainda seriam menores do que se eu tivesse pago por aquelas roupas maravilhosas.” Natalie estava errada.

Ela foi pega roubando um vestido, e a polícia a levou algemada para a delegacia, onde tiraram suas impressões digitais e a trancaram numa cela com outras criminosas. Ela ficou horas esperando até seus pais conseguirem pagar a fiança.

Isto é o que Natalie diz a qualquer pessoa que pensa em roubar: “Vá por mim: compre logo a maldita roupa.” Ela diz que, se você decidir roubar, “vai se arrepender por muito tempo”.

Uma ficha criminal é motivo de arrependimento. Os condenados por furto em lojas talvez descubram, para sua humilhação, que seu crime não cai no esquecimento, mas sempre aparece para atormentá-los, como uma mancha numa roupa. O furtador talvez tenha de declarar seu crime ao tentar ingressar numa universidade. Ele pode ter dificuldades ao tentar iniciar uma carreira, como medicina, odontologia ou arquitetura. As empresas talvez pensem duas vezes antes de lhe dar um emprego. E esses problemas podem surgir mesmo que ele tenha cumprido a pena imposta pelo tribunal e não roube mais.

Furtar pode sair caro mesmo que o criminoso não seja condenado. Foi isso o que descobriu Hector, mencionado no artigo anterior. Ele diz: “Eu sempre conseguia escapar e nunca fui pego roubando.” Mas ele teve de pagar caro por isso. Refletindo, ele diz: “Acho que os jovens têm de entender uma coisa: você colhe o que planta. Mesmo que você nunca seja pego pela polícia, vai pagar pelo que fez.”

Furtos em lojas não são crimes sem vítimas, e as coisas roubadas têm preço. Qualquer pessoa que tem o hábito de furtar deve abandonar completamente essa prática. Mas como uma pessoa nessa situação pode encontrar a força necessária para deixar de roubar de uma vez por todas? Será que esse crime vai ser algum dia eliminado?

Por que se perde a luta contra o crime?

Leia o Que um Veterano Oficial de Polícia Diz Sobre Isso

NENHUMA cidade tem uma soma total de crimes igual à de Nova Iorque. Mais pessoas — 1.669 — foram assassinadas aqui num ano recente do que as que foram mortas em quase sete anos de luta na Irlanda do Norte!

Como oficial de polícia de Nova Iorque durante quatorze anos, vi o fracasso de toda sorte de esforços para frear estes crimes. O promotor público especial do Estado de Nova Iorque, Maurice Nadjari, estava certo ao dizer: “Não somos mais capazes de fornecer segurança às pessoas contra o crime.”

Centenas de nova-iorquinos diariamente são assassinados, ou agredidos, ou estuprados ou roubados — quase a cada minuto se comunica à polícia crime grave. Certa manchete do Times de Nova Iorque, noticiando o aumento de crimes dos primeiros meses de 1975 em comparação com os mesmos meses de 1974, reza: “CRIMES GRAVES AUMENTAM 21,3% NA CIDADE.” Não é de admirar que, em muitas partes da cidade, os nova-iorquinos receiem aventurar-se em sair de casa — são, efetivamente, prisioneiros em suas próprias casas.

Pare Onde Isso Levará

Não resta dúvida de que policiais, individualmente, foram culpados de corrupção, tratamento injusto ou até mesmo de atividades criminosas. Os agentes da lei admitem isso. Mas, o que aconteceria se todos os policiais fossem removidos do caminho na sociedade hodierna?

Um exemplo do que provavelmente aconteceria foi visto em Montreal, Canadá. Em 7 de outubro de 1969, os 3.700 agentes da lei de Montreal fizeram uma greve ilegítima de dezessete horas numa disputa salarial. O resultado foi a anarquia. Durante aquele período, houve uma onda atordoante de roubos, invasões de propriedades e outros crimes. Cerca de mil vitrines foram quebradas na parte central de Montreal. Centenas de lojas, grandes e pequenas, foram saqueada. O editor do Star de Montreal noticiou que a lição principal foi a de que todos os cidadãos de Montreal descobriram quão vulneráveis eram sem a proteção policial. Ninguém estava imune. Sofreram tanto os ricos como os pobres.

No entanto, isto não desculpa os policiais de sua responsabilidade de não abusar de sua autoridade. Quando uma comissão presidencial dos EUA investigou a violência nos campos, comentou que era ‘mandatório que a polícia se mantivesse calma e que seus superiores os ajudassem’.

Todavia, o maldoso escalonamento continua. Aqueles que têm queixas, reais ou imaginárias, não raro se vingam na polícia. A polícia, sendo composta de humanos, às vezes responde em crescente dureza, o que não raro faz com que os outros se tornem mais hostis para com ela. O resultado é crescente tendência para a anarquia.

Uma autoridade em Washington, D.C., concluiu: “A menos que se faça algo para inverter a atual tendência, este país vai ficar em guerra civil dentro de cinco a dez anos.” Observou que “as pessoas estão ficando cheias desta violência nas ruas” e que crescente número do público poderia ser provocado a ponto de aprovar o uso de força repressiva esmagadora. Se isso acontecer, o que resultará? A autoridade disse: “O que lhes restaria seria um estado fascista.”

Por Que Isto Acontece

Por que há tal aumento no terrorismo? Bill Moyers, antigo ajudante do presidente, disse na revista Harper’s: “Em cem comunidades em toda parte do país, numa época de violência, ninguém — as comissões presidenciais, as agências estaduais, a polícia, os próprios participantes — poderia dizer com autoridade: ‘Esta é a razão por que isto acontece.’”

Todavia, há fatores envolvidos que podem ser compreendidos. Por exemplo, no que tange aos ataques em Cairo, a revista Newsweek noticiou que eram “um ato aparente de retaliação a supostos ataques policiais contra os moradores pretos”. Comentou que militantes brancos “enfureceram os elementos pretos por realizar patrulhas regulares, do tipo dos vigilantes, pelas comunidades negras. Desta vez parecia ser a vez dos pretos de exacerbar a tensão”.

O Tenente William McCoy, do departamento de polícia de Detroit, mencionou as instruções impressas distribuídas entre os militantes pretos. As instruções diziam: Quando um grupo de autodefesa avança contra este sistema opressivo por executar um poção [policial] por qualquer meio — tiro de franco-atirador, punhalada bomba, etc. — em defesa contra os 400 anos de brutalidade racista e assassinato, isto só pode ser definido como autodefesa.” Assim, a razão principal que os “revolucionários” pretos fornecem para suas atividades é o ressentimento contra o tratamento recebido por eles durante centúrias de escravidão, preconceito e maus tratos.

Há, também, numerosos grupos de “revolucionários” brancos. Qual é seu alvo? Quando os repórteres têm oportunidade de falar com alguns deles, tornam claro que trabalham para derrotar a ordem estabelecida, inclusive o arranjo governamental. Mas, não se fornece nenhum quadro claro do que propõem em substituição.

O que isto tem de ver com os ataques aos policiais por tais grupos ou pessoas? Certo tenente da polícia disse: “O policial é o símbolo mais visível do estabelecimento, e da justiça que representa. Os que atiram nos policiais fazem isso porque não podem atingir o Prefeito, o Presidente, ou até mesmo a esposa deles para satisfazer seus anseios patológicos de vingar-se de alguém.”

Acham-se estes grupos “revolucionários”, tanto pretos com brancos, sob qualquer direção ou controle central? O Procurador-Geral dos EUA, John Mitchell, descreveu-os como conspiração desagregada de grupos radicais e anarquistas dedicados à destruição das instituições estadunidenses. William C. Sullivan, ajudante do diretor do Departamento Federal de Investigações, disse que o FBI não possui evidência de que qualquer grupo, inclusive o Partido Comunista, seja responsável pela crescente desordem.

Um “revolucionário” disse a um repórter de Newsweek: “Tem-se de dizer ao povo que não somos realmente um bando de assassinos comunistas disfarçados. Queremos as mudanças agora. E não temos nada à nossa disposição senão a violência. Não podemos sequer fazer demonstrações sem receber cacetadas e gás lacrimogêneo. Ora, se não podemos viver em paz, então os ricos não podem viver em paz. Haverá uma guerra geral dentro de um ano.” Disse que um terço de seu grupo era constituído de veteranos da guerra do Vietnã que usava seu treino militar com armas e explosivos para fins revolucionários.

Quão séria é a situação, na opinião das autoridades? Certa autoridade veterana do Ministério da Justiça descrevera da seguinte forma: “Temos de encarar a questão, estamos no que equivale a uma guerrilha com a moçada. E, até agora, a moçada está vencendo.” Muitos dentre a “moçada” são filhos de pais da classe média. Consideram-se “patriotas da contracultura” e não criminosos. Assemelham suas atividades aos revolucionários que derrotaram a regência britânica sobre as colônias norte-americanas, levando à Declaração de Independência em 1776.

Ominosa Tendência

Nos poucos anos recentes, os EUA presenciam rápido crescimento do que tem sido chamado de “terrorismo”. Em uma cidade após outra, matam-se policiais a sangue frio. A forma de serem executados tais ataques mostra que diferem do tipo que resulta quando um policial prende um criminoso que então recorre à violência.

Por exemplo, certo policial de Sacramento foi morto quando ia em seu carro-patrulha, recebendo um tiro mortífero de um franco-atirador que usava um fuzil militar. Em São Francisco, uma delegacia de polícia foi alvo de bombas, que mataram um oficial e feriram oito outros. Três foram mortos em diferentes ocasiões, quando entregavam multas de trânsito; em cada caso, um assassino se aproximou do policial insuspeito enquanto ele anotava a multa e o matou com um revólver. Em West Philadelphia, um atirador penetrou na delegacia de polícia e meteu cinco tiros no sargento escrivão que estava sentado quieto.

Assim declarou um policial de Detroit: “É como estar numa guerrilha.” O Comissário de Polícia de Philadelphia, Frank Rizzo, disse: “Isto não é mais crime. Isto é revolução.” O vice-procurador-geral da Califórnia, Charles O’Brien, pontificou: “Os agentes da lei se tornaram alvo especial dos terroristas e anarquistas em nossa sociedade. . . . Acho isso muito atemorizante.” Chamou o “aumento fantástico” nos ataques de “perigo claro e atual para o governo dos Estados Unidos”. E o Senador James Eastland declarou: “Uma organizada ‘guerra contra a polícia’ ameaça minar a lei e a ordem nos Estados Unidos.” Adicionou: “Tais ataques deliberados são por demais difundidos, os incidentes são por demais numerosos, as táticas são parecidas demais para sugerir atos isolados de violência.”

Em Cairo, Illinois, o Chefe de Polícia Roy Burke disse, em setembro passado, que os franco-atiradores haviam baleado seu carro em seis diferentes ocasiões no ano. “Havia tantos furos no meu carro que eu tive que obter um novo”, disse. Daí, em outubro, de quinze a dezoito homens vestidos de roupas de trabalho do exército atacaram a delegacia de polícia de Cairo por três vezes em cerca de seis horas. No terceiro ataque, centenas de descargas de bala foram lançadas contra a delegacia. O Prefeito de Cairo, A. B. Thomas, declarou: “O que tivemos esta noite em Cairo foi a aberta insurreição armada.”

Policiais sob ataque




O TRABALHO de um policial não é nada fácil. Tem de cuidar de várias dificuldades e colocar também sua vida em perigo. Muitos policiais são mortos no cumprimento do dever cada ano, até mesmo em tempos “normais”.

No entanto, estes não são tempos normais. O trabalho dum policial é agora mais perigoso do que nunca. Isto se dá em especial nos EUA. Ali, num período comparativo, o dobro de policiais foram mortos em ataques não provocados em 1970 do que em 1969, e quatro vezes mais do que em 1968.

Somente na cidade de Nova Iorque, as estatísticas para 1970, até novembro, mostram que foram baleados 38 policiais, 46 foram esfaqueados ou apunhalados e 390 foram esmurrados ou chutados. Mais de 1.030 perderam horas de trabalho devido às violências cometidas contra eles. Em Detroit, tais ataques aumentaram 68 por cento num ano. Na Califórnia, dobraram os assassinatos de policiais. Em toda a parte, a tendência tem sido quase a mesma.

Por que tal aumento? Uma razão é o fantástico aumento no crime. Cada vez mais pessoas se voltam para atividades criminosas. Isto põe em grande perigo as vidas dos policiais, ao lidarem com tais pessoas.

Há ainda outro fator, contudo, no aumento crescente de ataques, um fator que é até mesmo mais ominoso do que o enorme aumento do crime.