quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Armas, drogas e diamantes

O tráfico mundial de armas é um problema complexo. Grandes carregamentos de armas passam legalmente de um país para outro. Depois do fim da Guerra Fria, reduziram-se exércitos tanto no Oriente como no Ocidente e os governos venderam ou deram equipamentos que sobravam para nações amigas ou aliadas. Segundo uma escritora do Instituto de Pesquisa da Paz, em Oslo, Noruega, desde 1995 só os Estados Unidos doaram mais de 300.000 fuzis, pistolas, metralhadoras e lançadores de granada. Acredita-se que é mais barato dar do que desmontar ou guardar as armas. Alguns analistas calculam que armas pequenas ou leves no valor aproximado de três bilhões de dólares cruzam legalmente as fronteiras todo ano.

O comércio ilegal, porém, deve ser bem maior. Mas para conseguir armas no mercado negro é preciso pagar. Em algumas guerras na África, grupos paramilitares compraram armas pequenas ou leves no valor de centenas de milhões de dólares, não com dinheiro, mas em troca de diamantes confiscados em regiões de mineração. The New York Times comentou: “Em lugares em que o governo é corrupto, os rebeldes são impiedosos e as fronteiras, fáceis de atravessar . . . As pedras brilhantes se tornaram instrumentos de trabalho escravo, assassinato, mutilação, desabrigo em grande escala e colapso econômico generalizado.” É irônico que uma gema trocada por fuzis de assalto seja depois vendida numa joalheria chique como um dispendioso símbolo de amor eterno.

As armas também estão ligadas ao tráfico de drogas. Muitas organizações criminosas usam as mesmas rotas do tráfico de drogas para o contrabando de armas. Assim, na prática as armas se tornaram uma moeda trocada por drogas.

As armas preferidas

Por que as armas pequenas se tornaram as preferidas nas guerras recentes? Em parte isso tem que ver com a pobreza. A maioria das guerras dos anos 90 ocorreu em países pobres demais para comprar armamentos sofisticados. As armas pequenas ou leves são uma pechincha. Por exemplo, com 50 milhões de dólares (preço aproximado de um único caça a jato moderno) pode-se equipar um exército com 200.000 fuzis de assalto.

Às vezes, as armas pequenas ou leves saem bem mais barato que isso. Elas são reutilizadas em outros conflitos, ou exércitos que sofrem cortes de orçamento simplesmente doam dezenas de milhões de unidades. Em alguns países, há tantos fuzis de assalto disponíveis que eles são vendidos por apenas seis dólares ou podem ser trocados por um cabrito, uma galinha ou uma sacola de roupas usadas.

Porém, além do preço baixo e da disponibilidade, há outras razões para as armas pequenas serem tão populares. Elas são letais. Um único fuzil de assalto de tiro rápido pode fazer centenas de disparos por minuto. São também fáceis de usar e de conservar. Pode-se ensinar uma criança de 10 anos a desmontar e montar de novo um fuzil de assalto. Crianças também aprendem rápido a mirar e disparar o fuzil contra uma multidão.

Outra razão para sua popularidade é que essas armas são resistentes e podem continuar em operação durante anos. Atualmente, ainda se usam em guerras fuzis como os AK-47 e os M16, usados pelos soldados na Guerra do Vietnã. Alguns fuzis usados na África datam da Primeira Guerra Mundial. Além disso, essas armas podem ser facilmente transportadas e escondidas. Um cavalo pode carregar uma dúzia de fuzis para um grupo paramilitar escondido na floresta fechada ou em montanhas distantes. Uma tropa de cavalos pode transportar fuzis suficientes para equipar um pequeno exército.

Armas pequenas, problemas enormes

DURANTE décadas, as conferências para o controle de armas se concentraram nas armas nucleares. Isso não é de estranhar visto que uma única bomba nuclear pode destruir uma cidade inteira. Mas, ao contrário das armas menores, já se passaram mais de 50 anos desde a última vez que essas armas incrivelmente poderosas foram usadas na guerra.

O respeitado historiador militar John Keegan escreve: “Desde 9 de agosto de 1945, as armas nucleares não matam ninguém. Os 50.000.000 que morreram em guerras desde aquela data foram, na maior parte, mortos por armas baratas, produzidas em massa, e munição de pequeno calibre, cujo custo é pouco maior que o dos rádios transistorizados e pilhas secas que inundaram o mundo no mesmo período. Visto que o uso de armas baratas afetou muito pouco a vida das nações desenvolvidas, exceto em determinadas áreas onde prosperam o tráfico de drogas e o terrorismo, a população dos países ricos tem demorado para se dar conta do horror que acompanha essa prática mortífera.”

Ninguém sabe exatamente quantas armas pequenas ou leves estão em circulação, mas os especialistas calculam que as armas de fogo de uso militar talvez cheguem a uns 500 milhões. Além disso, dezenas de milhões de fuzis e pistolas de uso civil estão nas mãos dos cidadãos. Para completar, novas armas são fabricadas e despejadas no mercado a cada ano.

sábado, 28 de agosto de 2010

Violência nos esportes e nas diversões

Os esportes e as diversões têm sido procurados como meio de distração ou de descontração, para reanimar a pessoa para as atividades mais sérias na vida. Atualmente, as diversões são uma indústria multibilionária. Para conseguir a maior parcela possível deste mercado lucrativo, os fornecedores não hesitam em recorrer a quaisquer meios à sua disposição. E um destes meios é a violência.
Por exemplo, a revista comercial Forbes noticiou que um fabricante de jogos eletrônicos possui um popular jogo de guerra em que um guerreiro arranca a cabeça e a espinha do seu oponente enquanto os espectadores repetem: “Acabe com ele! Acabe com ele!” No entanto, uma versão deste mesmo jogo, feita para uma firma competidora, não contém esta cena sanguinária. O resultado? A venda da versão mais violenta ultrapassa a de seu competidor na proporção de 3 para 2. E isto significa muito dinheiro. Quando as versões domésticas destes jogos começaram a surgir no mercado, as firmas ganharam no campo internacional US$ 65 milhões nas primeiras duas semanas. Quando se trata de obter lucro, a violência é apenas mais uma isca para pegar consumidores.
A violência nos esportes é um assunto bem diferente. Os jogadores muitas vezes se orgulham dos danos que conseguem causar. Por exemplo, em certo jogo de hóquei, em 1990, foram aplicadas 86 penalidades — um recorde. O jogo foi interrompido por três horas e meia devido a lesões corporais. Um jogador teve um osso facial fraturado, uma córnea arranhada e um corte. Por que tanta violência? Um jogador explicou: “Quando se ganha um jogo realmente emocionante, com muita luta, vai-se para casa sentindo-se um pouco mais achegado aos companheiros do time. Eu achava que as lutas tornavam o jogo realmente espiritual.” Em tantos dos esportes atuais, parece que a violência se tornou não apenas um meio para atingir um objetivo, mas o próprio objetivo.

Violência no local de trabalho

Longe de casa, tradicionalmente era no local de trabalho onde se encontrava ordem, respeito e civilidade. Mas parece que não é mais assim. Por exemplo, estatísticas divulgadas pelo Departamento de Justiça dos EUA mostram que a cada ano mais de 970.000 pessoas são vítimas de crimes violentos praticados no lugar de trabalho. Dito de outro modo, “os trabalhadores têm talvez uma chance em quatro de se tornarem vítimas de alguma forma de violência no trabalho”, segundo um relatório publicado pelo periódico Professional Safety—Journal of the American Society of Safety Engineers.
O que mais perturba é que a violência no local de trabalho não se limita a altercações e calúnias. “A violência dirigida especificamente contra patrões e contra empregados por parte de outros empregados tornou-se agora a categoria de homicídio de aumento mais rápido nos EUA”, diz o mesmo relatório. Em 1992, 1 em 6 mortes relacionadas com o trabalho era homicídio; no caso das mulheres, o número era quase 1 em 2. Não se pode negar que o local de trabalho, antes ordeiro, está sendo inundado por uma onda de violência.

Violência no lar

Por muito tempo o lar tem sido considerado o abrigo seguro da pessoa. Este quadro idílico, porém, está mudando rapidamente. A violência na família, incluindo abusos praticados contra crianças, o espancamento do cônjuge e homicídios são manchetes em todo o mundo.
Por exemplo, “pelo menos 750.000 crianças, na Grã-Bretanha, podem sofrer traumas duradouros por terem ficado expostas à violência doméstica”, diz o periódico Manchester Guardian Weekly. Este relato baseava-se numa pesquisa que notou também que “três de cada quatro mulheres entrevistadas disseram que seus filhos tinham presenciado incidentes de violência e que quase dois terços dos filhos viram a mãe ser espancada”. De forma similar, segundo o periódico U.S.News & World Report, a Consultoria Para Crianças Vítimas de Maus-Tratos e Negligência dos EUA calcula que “2.000 crianças, na maioria de menos de 4 anos, morrem cada ano às mãos de pais ou de guardiães”. Este número é superior ao das mortes causadas por acidentes de trânsito, por afogamento ou por quedas, diz o relatório.
A violência doméstica inclui também maus-tratos infligidos ao cônjuge, abrangendo desde empurrões ou sacudidas, até bofetadas, chutes, sufocamento, espancamento, ameaças com faca ou revólver, ou mesmo a morte. E hoje em dia, esta forma de violência é praticada por ambas as partes. Um estudo verificou que, dentre os relatos de violência entre os casados, cerca de um quarto dos casos são originados pelo homem, outro quarto, pela mulher, e o restante pode ser descrito melhor como brigas em que ambos têm culpa.

Há violência em toda a parte

SENTADO no carro à espera da mudança do sinal de tráfego, o motorista notou de repente um homem grande vir em sua direção, gritando obscenidades e sacudindo o punho no ar. O motorista trancou às pressas as portas e fechou os vidros, mas o homem grande continuou a aproximar-se. Pegando o carro por baixo, o homem sacudiu-o e puxou pela porta. Por fim, frustrado, ergueu seu grande punho e socou com ele o pára-brisas, estilhaçando-o.
Trata-se da cena dum filme de ação? Não! Foi uma disputa de tráfego na ilha Oahu, no Havaí, conhecida pelo seu ambiente tranqüilo e descontraído.
Isso não é surpresa. Trancas nas portas, grades nas janelas, seguranças nos prédios e mesmo letreiros em ônibus, dizendo “O motorista não leva dinheiro” — indicam todos a mesma coisa: há violência em toda a parte!

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Aumento Internacional do Crime

◆ “O Brasil . . . ”, lemos, “parece engolfado numa onda de violência e de crime”.

◆ A Alemanha Ocidental relata: Os crimes que envolvem narcóticos aumentaram nada menos de 238% entre 1969 e 1970.

◆ O crime na Dinamarca aumentou em 99 por cento na década de 60.

◆ O Sunday Times do leste da Austrália noticiou, em agosto de 1972: “A incidência do crime violento na Austrália Ocidental quase que dobrou nos últimos 12 meses. E não existe uma razão evidente, plausível, para tal aumento ‘incrível’.” E, do outro lado do continente, observa o Herald de Melbourne: “Os crimes de violência [desde 1960] por vitorianos com menos de 21 anos subiram . . . 187,9%. O número de vitorianos com menos de 21 anos cresceu . . . no mesmo período . . . 29,6%.”

◆ “Na África e na América Latina”, diz um relatório da ONU, Crime Prevention and Control (Prevenção Contra o Crime e Controle), “o mesmo tipo de quadro pode ser feito . . . Durante os anos 60, o crime [em certo país africano] mais do que dobrou, alguns tipos de crime grave aparentemente triplicaram, e, conforme declarado em seu Plano de Desenvolvimento, ‘este problema mui provavelmente aumentará, ao invés de diminuir’”.

◆ A taxa de crimes no Japão parece pequena em comparação com as nações ocidentais. Mas, referindo-se aos crimes recentes, o Daily Yomiuri de Tóquio disse: “São pavorosos e, ainda assim, indicam os graves rompimentos que ocorrem nas relações da sociedade japonesa.”

◆ Israel, relata o Times de Nova Iorque, teve um aumento geral de 35% no crime, nos últimos cinco anos; as invasões de domicílio aumentaram 200 por cento.

◆ Na Província de Kwangtung, China comunista, o descontentamento entre os jovens, segundo noticiado, levou a “um surto de crime em Cantão”, inclusive lutas de bandos.

Não é surpresa que, ao analisar a situação internacional do crime o Secretário-Geral da ONU, K. Waldheim, concluísse:

“Apesar do progresso material, a vida humana jamais provou maior senso de insegurança do que experimenta hoje. . . . Assim, há ampla e crescente evidência de uma crise de crimes de consideráveis proporções.”

Sim, estes relatórios mostram que o crime está aumentando.

Aumentam realmente os crimes?

O QUE acha? Diminuem os crimes, como afirmam alguns? Então, o que dizer desta declaração recente do Chefe de Polícia de Los Angeles, Califórnia, EUA, E. M. Davis:

“Há dez anos atrás, os criminosos eram colocados atrás das grades e as pessoas procuravam a felicidade pelas ruas.

“Hoje em dia, as pessoas estão trancadas em suas casas e em seus escritórios, e os criminosos estão procurando a felicidade pelas ruas.

Isso parece colidir com o conceito de que o crime diminui, não parece? Então, quais são os fatos — Diminuem ou aumentam os crimes? Considere o seguinte:

É verdade que, em determinado país, por curtos períodos ocasionais, o crime talvez não aumente tanto quanto fez num curto período similar. Não obstante, isso não significa que diminui no quadro geral. R. Egan comenta no National Observer: “Certo locutor de rádio duma estação de Washington, D. C., anunciou, duma forma que parecia reverente, que ‘o crime em 1971 subiu apenas 7 por cento’. Apenas. . . . O ponto a recordar é que a taxa de crimes ainda está aumentando.”

Em 1971, havia cerca de seis milhões de crimes graves relatados nos EUA; em 1960 havia menos de dois milhões. Na década de 60, a população aumentou 13 por cento, enquanto o assassinato aumentou 70%, o estupro 113% e o roubo 212%. A delinqüência juvenil subiu 148% no mesmo período. Mas, tais números só contam parte da história!

A maioria dos crimes jamais são esclarecidos. As possibilidades de se pegar um mediano invasor de domicílio “não são melhores do que 1 em cada 50”, segundo certo professor de direito de Harvard. R. M. Cipes suscita uma pergunta pertinente em seu livro The Crime War (A Guerra ao Crime):

“Se muitos criminosos não são apanhados, por que presumir que aqueles que conseguimos apanhar são os mais perigosos? Em certo sentido, a probabilidade é oposta: os mais inteligentes e astuciosos ofensores talvez sejam aqueles que mais provavelmente evitem ser apanhados.”

Ademais, muitos crimes jamais são comunicados à Polícia. Lá em 1967, a Comissão Presidencial Sobre o Crime dos EUA relatou que ocorrem de três a dez vezes mais crimes do que são deveras denunciados à Polícia. Mas, qual é o quadro geral do crime no resto do mundo?

terça-feira, 17 de agosto de 2010

O Que Dizer da Reforma?

É claro que nenhuma destas condições leva a reformar a pessoa. Mas, o que dizer dos programas de reabilitação, tais como o de adquirir novas perícias de trabalho? Podem contrabalançar essas outras influências negativas?

O consenso até entre as autoridades carcerárias é Não. Admitem candidamente que se aprendem poucas perícias úteis, que o trabalho é monótono e enfadonho e que não há realmente nenhum programa sensato para se melhorar a condição mental do prisioneiro, que é a chave para a reforma.

O Post de Nova Iorque, de 18 de setembro de 1971, citou o Ministro Presidente Burger, do Supremo Tribunal dos EUA, como afirmando: “Poucas prisões hodiernas dispõem até mesmo de um programa de treinamento mínimo de educação ou vocacional para condicionar o presidiário à sua volta à sociedade como um ser humano útil e que sustenta a si mesmo.”

O Guardian Weekly da Inglaterra publicou recentemente uma carta de um presidiário que fora liberto recentemente de um termo de prisão ali. Disse: “Era insalutarmente apinhada e as dependências sanitárias eram tão escassas que ‘imunda’, no pior sentido possível, é a única palavra para descrevê-la. . . . Uma sentença de prisão talvez seja uma humilhação, uma degradação, e uma nódoa para o orgulho e caráter da pessoa . . . O que não é de nenhuma maneira, forma ou sentido é um período reformativo para o criminoso, ou um preventivo contra outros crimes.”

Tal avaliação se baseia em evidência de todos os lados. As prisões modernas não impedem o crime, visto que ‘explode’ em quase todo país da terra. E as prisões não fazem aquilo que os reformadores esperavam, não reabilitam os criminosos para vidas mais úteis após retornarem ao convívio da sociedade. Conforme disse U.S. News & World Report, de 27 de setembro de 1971: “O fracasso das prisões em reformar criminosos é evidenciado pelas estatísticas que mostram que cerca de 80 por cento de todos os crimes capitais [crimes graves] são cometidos por ‘reincidentes’.”

Condições Carcerárias

Não pode haver dúvida de que as condições carcerárias em geral melhoraram muito em comparação com os horrores de um século ou dois atrás. Todavia, são as condições tais que têm bom efeito sobre as pessoas, aprimorando seu conceito mental?

O Senador Edward Brooke, de Massachusetts, EUA, declarou que ‘as condições carcerárias são quase que universalmente deploráveis e têm um efeito desumanizante’. O Deputado William Anderson, de Tennessee, EUA, declarou: “O sistema de correções dos EUA é uma completa desgraça nacional.”

As autoridades federais que percorreram uma penitenciária estadual de Virgínia do Oeste a chamaram de “desastre completo” e de “pesadelo custodial”. A violência era grandemente incontrolável. Drogas e o álcool prevaleciam. Um promotor público disse sobre a prisão: “É absolutamente insensato enviar um homem para aquela prisão, porque irá sair pior do que foi.”

O Chronicle de São Francisco noticiou o caso de uma das testemunhas de Jeová que estava presa por causa de sua objeção de consciência à guerra. Certo dia, este homem que amava a paz observou um distúrbio em outra cela. Mais tarde, vieram os guardas e surraram os presos, inclusive a Testemunha! O jornal dizia: “Apertaram-lhe o pescoço e feriram-no na garganta e daí o levaram para o fim do corredor, onde ‘os espancamentos brutais e desumanos dados a outros presos eram tais que ele não conseguiu ficar olhando’ e virou a cabeça.” Acusou um guarda de também espancá-lo no olho e na têmpora com um cassetete. Foi então lançado na solitária e mantido ali sem cuidados médicos. Todavia, não estava nem sequer envolvido no distúrbio original.

Também, por causa da não disponibilidade de membros do sexo oposto, o homossexualismo grassa nas prisões para homens, assim como o lesbianismo nas prisões para mulheres. São comuns as violações homossexuais em massa. No livro I Chose Prison (Escolhi a Prisão), antiga autoridade carcerária federal afirma sobre este assunto: “Ninguém conseguiu apresentar uma solução para o problema.”

No Canadá, o Star de Windsor noticia que, depois de uma investigação do problema, vinte e três juízes ficaram “atônitos” com o que descobriram. O jornal declarava: “Antigos presidiários têm relatado às comissões oficiais que é quase impossível um jovem escapar do ataque sexual por qualquer período de tempo em quase todas as prisões através do país. ‘Acontece a toda hora’, afirma John Tennant, que passou 13 anos atrás das grades. ‘Tenho visto rapazes serem atacados por três ou quatro presidiários uma noite após outra.’”

Para as mulheres, a vida carcerária também pode ser desmoralizante. A limitação dos movimentos, os pequenos pormenores da vida na prisão, a regulação estrita do horário, os contatos infreqüentes com os entes queridos, a ameaça de imoralidade sexual, tudo é deprimente ao extremo.

Krishna Nehru Hutheesing, irmã do anterior primeiro-ministro da Índia, falou de sua permanência numa prisão indiana, acusada de violações políticas há alguns anos atrás: “Verifiquei a falta do calor humano, a forma insolente de se dirigirem a nós, e a atmosfera opressiva do lugar, às vezes quase que insuportável.” Falou de uma vida “cheia de ameaças, violência, baixezas e corrupção, e havia sempre as maldições bradadas de um lado e o servilismo do outro. Uma pessoa dotada de qualquer sensibilidade se acharia num estado de contínua tensão, com os nervos à flor da pele”.

A respeito das crianças enviadas a centros de detenção pelo juizado de menores, o Times de Nova Iorque, de 27 de julho de 1971, noticiou: “No centro de detenção, é encarcerado junto com crianças que cometeram homicídios, roubos, assaltos e outros crimes. Prevalece o homossexualismo. Na tentativa de solucionar um problema, o tribunal o coloca numa situação que só pode levar a mais problemas.”

Atingem as prisões os seus alvos?

NÃO, o conceito de prisão como castigo para impedir as pessoas de cometer crimes não funcionou realmente. Com efeito, o crime cresceu.

Nem foram beneficiados aqueles que cumpriram sentenças. Usualmente, a prisão teve efeito negativo. Isto era irônico, pois a Sociedade prendeu o ofensor por ele ser ruim à sociedade, mas, devido ao lastimável ambiente carcerário, o ofensor usualmente se tornou pior. Daí, foi libertado, voltando ao convívio da sociedade, não raro para acabar sendo preso de novo por um termo mais longo!

Nos tempos mais recentes, a idéia básica sobre prisões sofreu considerável mudança. A nova idéia promovida pelos reformadores sinceros era de fazer a reabilitação, a reforma dos presos, um dos alvos principais da vida carcerária. O confinamento era considerado um castigo suficiente em si mesmo. Nenhum mau-trato físico deveria ser infligido ao preso, como com freqüência era o caso antes.

James Bennett, antigo diretor das prisões federais dos EUA durante vinte e sete anos, disse a respeito de se abandonar o castigo físico, dentro deste novo conceito: “As autoridades do sistema federal se proíbe estritamente de usar qualquer coisa parecida à ação direta ou qualquer coisa que possa ser entendida como castigo físico, contudo. Não usam, em parte, porque isto é indesejável e também porque é menos eficaz do que a remoção de privilégios, a mudança de serviço, ou o cancelamento de visitas prezadas.”

Os presos não-cooperativos também poderão perder ‘créditos de boa conduta’ que os tornariam elegíveis mais cedo ao livramento condicional, resultando numa permanência maior na prisão. O temor desta perda, segundo se pensava, seria um estímulo ao bom comportamento.

Mas, além de se abandonar a brutalidade e de se melhorarem as condições de vida, em que se basearia a reabilitação? Supostamente em ensinar ao preso a desviar-se de seu proceder intratável através da educação correta. Isso significaria treiná-lo em novas perícias de trabalho, de modo que, ao ser liberto, seria um membro mais útil à sociedade.

Aconteceu isto realmente? Atingem as prisões modernas tais alvos?

terça-feira, 10 de agosto de 2010

A eliminação do crime mediante a lei — é possível?

Uma Lição Ensinada Pela Lei Mosaica

O CÓDIGO penal varia grandemente através do mundo. Todavia, existe uma similaridade geral entre eles quanto ao que é considerado crime, e à relativa seriedade dos crimes. Ao passo que Deus forneceu a lei mosaica a Israel e a nenhuma outra nação, muitas das leis das nações refletem os princípios da lei mosaica. Sua similaridade é devida, parcialmente, a que alguns governos realmente se fundamentaram na lei mosaica.

Os estatutos não influenciados por tal lei dada à nação de Israel também contêm similaridades, pelo motivo, segundo explicado pelo apóstolo Paulo, de que “sempre que pessoas das nações, que não têm lei, fazem por natureza as coisas da lei, tais pessoas, embora não tenham lei, são uma lei para si mesmas. Elas é que são quem demonstra que a matéria da lei está escrita nos seus corações, ao passo que a sua consciência lhes dá testemunho e nos seus próprios pensamentos são acusadas ou até mesmo desculpadas.” — Rom. 2:14, 15.

Uma enquête das penalidades para crimes específicos, conforme a legislação dos governos em ampla área terrestre, revela que o crime de homicídio é quase sempre considerado o mais grave, trazendo a maior pena. O peso relativo dos outros crimes é graduado, na maior parte, numa forma bem similar à da lei mosaica. Nos 19 países pesquisados, as penas para alguns dos crimes mais graves são indicadas na tabela acima.

Alguns dos países pesquisados incluem provisões legais para a compensação ou reparação a vítima. Os bens roubados, se encontrados pela polícia, são devolvidos. Em alguns países, exige-se que o ladrão ou larápio faça uma compensação; em outros, as vítimas podem processá-lo em busca de compensação, com boas perspectivas de uma decisão favorável dos tribunais. A severidade das penas varia segundo as circunstâncias em que o crime foi cometido, tal como a idade dos infratores, a influência das condições econômicas, os costumes, as práticas tradicionais, etc. Nos países pesquisados, em que existe a pena de morte, é infligida por enforcamento, por garroteamento ou por pelotão de fuzilamento.

Interessante “Julgamento Simulado”

E se um médico concordar em praticar um homicídio piedoso? Deve o médico verse obrigado a responder a um processo de homicídio qualificado ou de homicídio simples? Tudo que fez, raciocina o médico, foi poupar o sofrimento intenso dum homem que, pelo que parecia, iria morrer de qualquer jeito. Mas, segundo a lei da maioria dos países, tal medida é homicídio qualificado. Deviam tais leis ser alteradas?

Este assunto afluiu à discussão na recente Conferência Mundial de Direito, realizada em Manila, nas Filipinas, e a que compareceram advogados de todo o mundo. O tema da conferência era “Proteção Internacional Legal aos Direitos Humanos”. Um dos direitos que recebeu ênfase especial foi o “direito humano de morrer”. Isso queria dizer o direito de exigir a morte para evitar a dor e o sofrimento. A conferência forneceu boa oportunidade de se ver o que os homens da classe jurídica pensam sobre um assunto tão altamente carregado de emocionalismo.

Considerou-se a eutanásia sob a forma dum julgamento simulado. Os argumentos se focalizaram no senhor hipotético que foi mencionado no início deste artigo. Três advogados, um de Israel, um de Bangladesh e um das Filipinas, argüíram a favor do processo. Houve um total de cinco juízes, procedentes do Canadá, Filipinas, Senegal, Tanzania e Tailândia. Os advogados tinham de manifestar-se a favor ou contra o homicídio piedoso, usando como base o suposto senhor de 80 anos. Daí, os juízes fariam sua decisão.

A Eutanásia — o que dizem os advogados?

Do correspondente de “Despertai!” nas Filipinas

IMAGINE só um senhor, de 80 anos, que é informado por seu médico de que é portador duma doença incurável. Diz-se-lhe que, dali em diante, seu quadro clínico se agravará. Haverá crescente dor e a perda gradual das funções orgânicas. Há drogas que amainarão sua agonia por certo tempo, mas, nos estádios finais, tal senhor sofrerá grandes dores até morrer. E, depois que as graves dores começarem, a morte poderá distar vários meses.

O paciente reage por firmar um documento em que solicita formalmente que seu médico lhe administre uma injeção que produzirá rapidamente a morte quando a dor se tornar insuportável. As pessoas se referem a tal ação como “homicídio piedoso” ou eutanásia (do grego, “boa morte”). A eutanásia “ativa” ou “positiva” significa apressar a morte por venenos ou de algum outro modo. O homicídio piedoso “passivo” ou “negativo” se refere a permitir que uma pessoa doente, na fase terminal, morra sem começar ou continuar a usar um tratamento “extraordinário”, que apenas adiaria a morte por breve tempo.

Até recentes anos, a maioria dos médicos provavelmente se recusariam a atender a pedidos de homicídios piedosos. Últimamente, contudo, parece ter havido uma mudança do ponto de vista em alguns setores. Uma autoridade médica distrital da Suécia, em data recente, recomendou a abertura de uma “clínica de suicídios”, onde os idosos, os gravemente enfermos, e outros desafortunados poderiam “solicitar ajuda para morrer”. Muitos se manifestam a favor da eutanásia.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Fácil acesso a armas destrutivas

Conforme mencionado no artigo anterior, um único atirador na Tasmânia, Austrália, matou 35 pessoas e feriu 19. Ele utilizou armas semi-automáticas de uso militar. Isso leva muitos a concluir que o acesso fácil a tais armas é outro fator no aumento de crimes violentos.

Um relatório indica que no Japão ocorreram apenas 32 homicídios com armas de fogo, em 1995, na maioria deles bandido matando bandido. Nos Estados Unidos, porém, ocorreram mais de 15.000 casos. Por que essa diferença? Alguns apontam como uma das razões as estritas leis sobre o porte de armas no Japão.

Drogas

Nos Estados Unidos, o índice de homicídios cometidos por adolescentes triplicou num período de oito anos. Qual é um dos fatores, segundo os especialistas? As gangues, em especial as envolvidas com o crack, um subproduto da cocaína. Entre mais de 500 homicídios recentes em Los Angeles, Califórnia, “segundo a polícia, 75% se relacionavam com gangues”.

Um relatório da Academia do FBI declarou: “O número de casos de homicídios relacionados com drogas é anormalmente elevado.” O abuso de drogas distorce o raciocínio de algumas pessoas e as leva a matar. Outras usam a violência em defesa de seu controle do narcotráfico. Obviamente, as drogas constituem um fator poderoso que influencia pessoas a cometer atos terríveis.

A mídia e a violência

Alguns apontam a evidência de que vários meios de comunicação modernos podem estimular a conduta agressiva. Argumenta-se que a exposição regular à violência retratada na televisão, nos filmes, nos jogos eletrônicos e na internet pode cauterizar a consciência e inspirar crimes violentos. O Dr. Daniel Borenstein, presidente da Associação Americana de Psiquiatria, declarou: “Já existem mais de 1.000 estudos, baseados em mais de 30 anos de pesquisas, que demonstram uma relação de causa e efeito entre a violência na mídia e o comportamento agressivo de algumas crianças.” Perante uma comissão do Senado americano, o Dr. Borenstein afirmou: “Estamos convencidos de que a repetida exposição à violência como meio de entretenimento, em todas as suas formas, tem significativas implicações na saúde pública.” — Veja o quadro “Jogos de computador violentos — o ponto de vista de um médico”.

Muitas vezes são mencionados casos específicos em apoio do acima. No caso do atirador que matou a sangue frio o casal que observava o nascer do sol na praia, mencionado no artigo anterior, os promotores apresentaram evidência de que o desejo de matar por emoção tinha ligação com o fato de o jovem ter assistido várias vezes a um filme violento. E, segundo depoimentos, os dois alunos que mataram 15 pessoas a tiros numa escola costumavam brincar, por horas a fio todos os dias, com jogos eletrônicos violentos. Além disso, assistiam repetidas vezes a filmes que glorificavam a violência e a matança.

Grupos e cultos de ódio

As evidências indicam que alguns grupos ou cultos de ódio têm tido forte influência na prática de certos crimes. Em Indiana, EUA, um rapaz negro de 19 anos saiu de um shopping center e se dirigia a pé para casa. Momentos depois, jazia ao lado da rua com uma bala na cabeça. Ele havia sido alvejado por outro rapaz que o escolheu a esmo. Por quê? O assassino alegadamente queria ingressar numa organização de supremacia branca e granjear o direito a uma tatuagem em forma de teia de aranha por ter matado uma pessoa negra.

O ataque com gás nervoso no metrô de Tóquio, em 1995; o suicídio em massa em Jonestown, Guiana e as mortes na Suíça, no Canadá e na França de 69 membros da Ordem do Templo Solar ocorreram todos sob inspiração de cultos. Tais exemplos ilustram a forte influência de certos grupos sobre o modo de pensar de algumas pessoas. Líderes carismáticos têm levado pessoas a fazer coisas “inimagináveis” tentando-as com alguma suposta recompensa.

Ruptura da vida familiar

Um redator de Despertai! perguntou a Marianito Panganiban, porta-voz do Departamento Nacional de Investigações das Filipinas, a respeito da formação dos que cometem crimes extremos. Ele comentou: “Eles vêm de famílias desfeitas. Carecem de cuidados e de amor. A fibra moral dessas pessoas entra em colapso, por lhes faltar orientação e, assim, se desencaminham.” Muitos pesquisadores afirmam que relações familiares péssimas e um histórico de violência na família são comuns entre criminosos agressivos.

O Centro Nacional de Análise de Crimes Violentos, dos EUA, publicou um relatório alistando fatores que poderiam identificar jovens com potencial de cometer crimes de morte na escola. Estão incluídos os seguintes fatores familiares: relação pai—filho conturbada, pais incapazes de reconhecer problemas nos filhos, falta de achego, pais que estabelecem poucos (ou nenhum) limites para a conduta dos filhos e crianças extremamente retraídas, que levam uma vida dupla, ocultando dos pais uma parte de sua vida.

Muitas crianças hoje são vítimas da ruptura familiar. Outras têm pais que dispõem de pouco tempo para elas. Milhares de jovens cresceram sem orientação moral e familiar adequada. Alguns estudiosos acham que situações assim podem produzir crianças que não desenvolvem a capacidade de interagir com outros, o que lhes facilita cometer crimes contra o próximo, muitas vezes sem remorso.

Por que fazem essas coisas?

Não existe um fator único que explique essa variedade de violência insana. O que dificulta entender alguns crimes é sua natureza irracional. Por exemplo, é difícil entender por que alguém mataria a facadas pessoas totalmente desconhecidas, ou por que alguém passaria de carro atirando a esmo contra uma casa.

Há quem afirme que a violência é inerente ao ser humano. Outros argumentam que os crimes insanos não podem ser explicados como parte inevitável da natureza humana. — Veja o quadro “Predestinados à violência?”

Muitos especialistas acreditam na existência de várias circunstâncias e fatores catalisadores que levam pessoas a cometer atos irracionais e violentos. Um relatório da Academia do FBI (Departamento Federal de Investigações), dos Estados Unidos, chega a dizer: “O homicídio não é um ato praticado por um indivíduo equilibrado e racional.” Alguns especialistas discordam do fraseado dessa afirmação, mas muitos concordam com o que ela implica. Por alguma razão, o modo de pensar dos praticantes de crimes sem sentido não é normal. Algo afetou seu raciocínio a ponto de praticarem o inimaginável. Que fatores levam pessoas a cometerem tais atos? Examinemos várias possibilidades mencionadas por especialistas.

Por que tantos crimes violentos?

TODOS os crimes são perversos. Mas crimes aleatórios, ou sem causa específica, são mais difíceis de entender. Serem cometidos muitas vezes sem motivo óbvio desafia os investigadores. Com a grande melhora nos meios de comunicação de massa nos anos recentes, esses crimes terríveis chegam ao conhecimento de milhões, ou até mesmo bilhões, de pessoas em questão de horas. Um relatório da Organização Mundial da Saúde diz que “a violência afeta todos os continentes, todos os países e a maioria das comunidades”.

Mesmo em lugares que em anos passados eram considerados relativamente seguros tem havido mais casos de violência sem sentido. O Japão, por exemplo, por muito tempo teve um baixo índice de crimes violentos. No entanto, em Ikeda, em junho de 2001, certo homem com uma faca de açougueiro invadiu uma escola para atacar as pessoas. Em 15 minutos, matou 8 crianças e feriu 15. Acrescentando isso a outros relatos do Japão, como o de jovens que matam desconhecidos pelo simples prazer de matar, chega-se à conclusão óbvia de que as coisas mudaram.

Mesmo em países de alta incidência de crimes, certos atos insanos revoltam a opinião pública. Foi assim depois do ataque de 11 de setembro de 2001 ao World Trade Center, em Nova York. O psicólogo Gerard Bailes disse: “Esse ataque transformou o mundo num lugar totalmente desconhecido e perigoso, em que não se pode predizer o que vai acontecer.”

quarta-feira, 30 de junho de 2010

Criminosos por necessidade ou por escolha?

Será que o crime é a única escolha que alguns têm para sobreviver? “Eu encarava o crime como uma reação quase que normal, ou até desculpável, à esmagadora pobreza, à instabilidade e ao desespero que permeava a vida [dos criminosos]”, reconhece Samenow. Mas depois de fazer muita pesquisa ele mudou seu ponto de vista. “Os criminosos decidem cometer crimes”, ele concluiu. “O crime . . . é ‘causado’ pelo modo de pensar [da pessoa], e não pelo ambiente.” Ele acrescenta: “O comportamento é, em grande parte, produto da reflexão. Tudo o que fazemos é precedido, acompanhado e seguido pela reflexão.” Assim, ele chegou à conclusão de que os criminosos, em vez de serem vítimas, “faziam vítimas e haviam escolhido livremente seu modo de vida”.
A palavra-chave é ‘escolha’. De fato, uma manchete recente em um jornal britânico dizia: “O crime é a carreira que rapazes da cidade escolhem porque desejam melhorar de vida.” As pessoas têm livre-arbítrio e podem escolher que caminho querem seguir, mesmo em circunstâncias difíceis. Deve-se admitir que milhões lutam todo dia contra a injustiça social e a pobreza, ou talvez pertençam a famílias problemáticas; mas nem por isso se tornam delinqüentes. Samenow diz: “Os criminosos são a causa do crime — e não bairros ruins, pais incapazes . . . ou o desemprego. O crime é produto da mente humana e não o resultado das condições sociais.”

O problema do crime tem solução?

“Estudos mostram que a maioria dos reincidentes continuará a cometer crimes contra a sociedade mesmo depois de terem ficado na prisão, e os custos, que não são medidos apenas em dinheiro, continuarão a ser astronômicos.” — INSIDE THE CRIMINAL MIND (POR DENTRO DA MENTE CRIMINOSA), DO DR. STANTON E. SAMENOW.
NÃO importa em que parte do mundo você viva, cada dia parece trazer uma nova safra de crimes chocantes. Portanto, é razoável perguntar: Será que as atuais medidas para conter o crime — penas severas, sentenças de prisão e assim por diante — estão funcionando? A prisão reabilita criminosos? E mais importante: A sociedade está conseguindo “cortar o mal pela raiz”?
Com respeito às atuais medidas para conter o crime, o Dr. Stanton E. Samenow escreveu: “Depois de saber como é ficar na cadeia, [o criminoso] talvez fique mais esperto e cauteloso, mas continua a levar seu modo de vida oportunista e a cometer crimes. As estatísticas relacionadas à reincidência [voltar a cometer crimes] só mostram se o criminoso foi ou não cuidadoso o suficiente para evitar ser preso [de novo].” Assim, as prisões na verdade acabam se tornando escolas de aperfeiçoamento para criminosos e, sem querer, os ajudam a aprimorar suas técnicas. — Veja o quadro “‘Escolas do crime’?”, na página 7.
Além disso, muitos crimes não são punidos, o que leva os delinqüentes a pensar que o crime realmente compensa. Isso pode deixá-los mais ousados e determinados a não mudar. Um governante sábio escreveu certa vez: “Por não se ter executado prontamente a sentença contra um trabalho mau é que o coração dos filhos dos homens ficou neles plenamente determinado a fazer o mal.” — Eclesiastes 8:11.

terça-feira, 29 de junho de 2010

Como os furtadores pagam

Antigamente, quando os donos de loja pegavam alguém furtando, em geral davam uma dura advertência e o deixavam ir embora. Hoje em dia é comum eles fazerem com que até mesmo os que furtam pela primeira vez sejam presos. Os ladrões então percebem que seu crime tem sérias conseqüências. A jovem Natalie descobriu isso por si mesma.
Ela disse: “Quanto mais eu roubava, mais confiante ficava. Eu achava que, mesmo que fosse pega, os custos com o advogado e o processo ainda seriam menores do que se eu tivesse pago por aquelas roupas maravilhosas.” Natalie estava errada.
Ela foi pega roubando um vestido, e a polícia a levou algemada para a delegacia, onde tiraram suas impressões digitais e a trancaram numa cela com outras criminosas. Ela ficou horas esperando até seus pais conseguirem pagar a fiança.
Isto é o que Natalie diz a qualquer pessoa que pensa em roubar: “Vá por mim: compre logo a maldita roupa.” Ela diz que, se você decidir roubar, “vai se arrepender por muito tempo”.
Uma ficha criminal é motivo de arrependimento. Os condenados por furto em lojas talvez descubram, para sua humilhação, que seu crime não cai no esquecimento, mas sempre aparece para atormentá-los, como uma mancha numa roupa. O furtador talvez tenha de declarar seu crime ao tentar ingressar numa universidade. Ele pode ter dificuldades ao tentar iniciar uma carreira, como medicina, odontologia ou arquitetura. As empresas talvez pensem duas vezes antes de lhe dar um emprego. E esses problemas podem surgir mesmo que ele tenha cumprido a pena imposta pelo tribunal e não roube mais.
Furtar pode sair caro mesmo que o criminoso não seja condenado. Foi isso o que descobriu Hector, mencionado no artigo anterior. Ele diz: “Eu sempre conseguia escapar e nunca fui pego roubando.” Mas ele teve de pagar caro por isso. Refletindo, ele diz: “Acho que os jovens têm de entender uma coisa: você colhe o que planta. Mesmo que você nunca seja pego pela polícia, vai pagar pelo que fez.”
Furtos em lojas não são crimes sem vítimas, e as coisas roubadas têm preço. Qualquer pessoa que tem o hábito de furtar deve abandonar completamente essa prática. Mas como uma pessoa nessa situação pode encontrar a força necessária para deixar de roubar de uma vez por todas? Será que esse crime vai ser algum dia eliminado?

O alto preço que os pais pagam

Bruce é um homem de elevados princípios, que ensina seus filhos a ser honestos. Um dia sua filha foi pega roubando. “Fiquei arrasado”, diz ele. “Imagine receber um telefonema e ouvir que pegaram sua filha furtando. Passamos anos criando nossa filha para ser uma boa pessoa e agora acontece isso. Nunca imaginamos que ela se rebelaria assim.”
Bruce ficou muito abatido de preocupação com a filha e o futuro dela. Além disso, ele renunciou à sua função de instrutor religioso voluntário. “Como eu poderia ir à tribuna e encarar a congregação? Como eu poderia, de consciência limpa, dar conselhos sobre a criação de filhos? Eu achava que não era certo.” Parece que sua filha não parou para pensar em como o crime dela o afetaria.

O cliente paga

Os preços aumentam quando as pessoas roubam lojas. Assim, em alguns lugares, os consumidores pagam 300 dólares por ano em preços mais altos por causa dos furtos em lojas. Isso significa que, se você ganha 60 dólares por dia, trabalha o equivalente a uma semana por ano para pagar pelo que outros roubam. Você tem condições de pagar tudo isso? Para os aposentados que sobrevivem com uma pensão ou para uma mãe que luta para sustentar sozinha a família, perder o salário de uma semana dessa forma pode ser arrasador. Os prejuízos não acabam aí.
Toda uma vizinhança pode sofrer quando a loja da esquina fecha. Relata-se que, numa comunidade americana bem unida, uma farmácia foi fechada recentemente por causa de furtos. Para conseguir seus remédios, muitos idosos e doentes agora precisam se deslocar dois quilômetros e meio até outra farmácia. “Imagine fazer isso numa cadeira de rodas”, disse uma autoridade.

Que dizer de pequenos furtos?

Numa loja com a mãe, um menininho vai sozinho até a seção de doces. Ele abre um pacote e disfarçadamente põe um bombom no bolso. Será que esse pequeno furto faz diferença para a loja?
Na brochura Curtailing Crime—Inside and Out (Como Reduzir o Crime — Dentro e Fora), a Administração de Pequenos Negócios dos Estados Unidos diz: “Pequenos furtos podem parecer crimes insignificantes aos olhos de um malandro que de vez em quando leva uma caneta aqui, uma calculadora ali. Mas, para uma pequena empresa que luta para sobreviver, isso é um assassinato.” Visto que a margem de lucro é tão pequena, para recuperar uma perda anual de mil dólares causada por furtos, o varejista precisa vender 900 barras de chocolate ou 380 latas de sopa a mais por dia. Então o prejuízo para uma loja é grande se muitos menininhos roubarem bombons. É aí que está o problema.
Milhões de pessoas, jovens e idosas, ricas e pobres, de todas as raças e formações, roubam mercados e lojas. Com que resultado? O Conselho Nacional de Prevenção de Crime dos Estados Unidos relata que um terço de todos os estabelecimentos comerciais naquele país é obrigado a fechar por causa de roubo. Não há dúvida de que o comércio em outros países está na mesma situação.

Como as lojas pagam

Para os comerciantes do mundo todo, o furto em lojas custa muitos bilhões de dólares por ano. Algumas pessoas calculam que só nos Estados Unidos as perdas ultrapassam 40 bilhões de dólares. Quantas empresas têm condições de perder sua parcela dessa quantia? Muitas lojas não conseguem lidar com a situação. Quando ladrões invadem os corredores de uma loja, eles podem pôr em risco o trabalho de uma vida toda.
“Além da concorrência, o furto em lojas é mais uma coisa com que temos de nos preocupar. Eu não sei por quanto tempo mais conseguiremos manter nosso comércio”, diz Luke, dono de uma loja em Nova York. Ele não tem condições de instalar um sistema de segurança eletrônico. Com respeito aos ladrões, ele diz: “Qualquer pessoa pode estar furtando, mesmo meus bons fregueses.”
Alguns acham que o problema de Luke não é sério. Dizem: “Essas lojas ganham muito dinheiro; por isso, o que eu pego não faz diferença.” Mas será que os lucros das lojas são realmente tão altos?
Em alguns lugares as lojas acrescentam 30%, 40% ou 50% ao preço de custo de um item, mas essa porcentagem não é de lucro bruto. Os comerciantes usam a renda extra para pagar custos operacionais, como aluguel, impostos, salários e benefícios de empregados, manutenção predial, consertos de equipamentos, seguros, eletricidade, água, sistemas de aquecimento e de refrigeração de ar, telefone e segurança. Depois dessas despesas, o lucro pode ser de 2% ou 3%. Portanto, quando alguém rouba uma loja, parte do meio de vida do comerciante vai embora.

Furto em lojas — quem paga?

NO Japão, o dono de uma loja pegou um menino roubando e chamou a polícia. O menino saiu correndo quando os policiais chegaram, e eles foram atrás dele. Ao atravessar a estrada de ferro, o menino foi atropelado por um trem e morreu.
O acontecimento teve grande publicidade, e alguns condenaram o dono da loja por ter chamado a polícia. Ele fechou a loja até que as coisas se acalmassem. Depois de reaberta, foi novamente invadida por ladrões. Mas, por causa das lembranças do recente pesadelo, o dono ficou com medo de enfrentá-los. Sua loja ficou conhecida como um alvo fácil, e pouco tempo depois ele teve de fechá-la definitivamente.
É verdade que nem todos os casos são tão trágicos assim, mas esse serve para ilustrar uma verdade importante. Furtar a lojas sai caro — de muitas maneiras e para muitas pessoas. Vamos analisar mais de perto o alto preço desse crime.

Criminosos por necessidade ou por escolha?

Será que o crime é a única escolha que alguns têm para sobreviver? “Eu encarava o crime como uma reação quase que normal, ou até desculpável, à esmagadora pobreza, à instabilidade e ao desespero que permeava a vida [dos criminosos]”, reconhece Samenow. Mas depois de fazer muita pesquisa ele mudou seu ponto de vista. “Os criminosos decidem cometer crimes”, ele concluiu. “O crime . . . é ‘causado’ pelo modo de pensar [da pessoa], e não pelo ambiente.” Ele acrescenta: “O comportamento é, em grande parte, produto da reflexão. Tudo o que fazemos é precedido, acompanhado e seguido pela reflexão.” Assim, ele chegou à conclusão de que os criminosos, em vez de serem vítimas, “faziam vítimas e haviam escolhido livremente seu modo de vida”.
A palavra-chave é ‘escolha’. De fato, uma manchete recente em um jornal britânico dizia: “O crime é a carreira que rapazes da cidade escolhem porque desejam melhorar de vida.” As pessoas têm livre-arbítrio e podem escolher que caminho querem seguir, mesmo em circunstâncias difíceis. Deve-se admitir que milhões lutam todo dia contra a injustiça social e a pobreza, ou talvez pertençam a famílias problemáticas; mas nem por isso se tornam delinqüentes. Samenow diz: “Os criminosos são a causa do crime — e não bairros ruins, pais incapazes . . . ou o desemprego. O crime é produto da mente humana e não o resultado das condições sociais.”

O problema do crime tem solução?



“Estudos mostram que a maioria dos reincidentes continuará a cometer crimes contra a sociedade mesmo depois de terem ficado na prisão, e os custos, que não são medidos apenas em dinheiro, continuarão a ser astronômicos.” — INSIDE THE CRIMINAL MIND (POR DENTRO DA MENTE CRIMINOSA), DO DR. STANTON E. SAMENOW.
NÃO importa em que parte do mundo você viva, cada dia parece trazer uma nova safra de crimes chocantes. Portanto, é razoável perguntar: Será que as atuais medidas para conter o crime — penas severas, sentenças de prisão e assim por diante — estão funcionando? A prisão reabilita criminosos? E mais importante: A sociedade está conseguindo “cortar o mal pela raiz”?
Com respeito às atuais medidas para conter o crime, o Dr. Stanton E. Samenow escreveu: “Depois de saber como é ficar na cadeia, [o criminoso] talvez fique mais esperto e cauteloso, mas continua a levar seu modo de vida oportunista e a cometer crimes. As estatísticas relacionadas à reincidência [voltar a cometer crimes] só mostram se o criminoso foi ou não cuidadoso o suficiente para evitar ser preso [de novo].” Assim, as prisões na verdade acabam se tornando escolas de aperfeiçoamento para criminosos e, sem querer, os ajudam a aprimorar suas técnicas. — Veja o quadro “‘Escolas do crime’?”, na página 7.
Além disso, muitos crimes não são punidos, o que leva os delinqüentes a pensar que o crime realmente compensa. Isso pode deixá-los mais ousados e determinados a não mudar. Um governante sábio escreveu certa vez: “Por não se ter executado prontamente a sentença contra um trabalho mau é que o coração dos filhos dos homens ficou neles plenamente determinado a fazer o mal.” — Eclesiastes 8:11.

Violência contra as mulheres — um problema mundial

DIA 25 de novembro é o Dia Internacional para a Eliminação da Violência contra a Mulher. Esse dia foi reconhecido oficialmente pela Assembléia Geral das Nações Unidas em 1999 a fim de conscientizar as pessoas da violação dos direitos das mulheres. Por que isso foi considerado necessário?
Em muitas culturas, as mulheres são encaradas e tratadas como cidadãs de classe inferior. O preconceito contra elas está profundamente arraigado. A violência contra as mulheres, em todas as suas formas, é um problema contínuo, mesmo nos países considerados desenvolvidos. De acordo com o ex-secretário-geral da ONU, Kofi Annan, “a violência contra as mulheres é um problema mundial que atinge todas as sociedades e culturas e afeta as mulheres, independentemente da sua raça, etnia, origem social, nascimento ou qualquer outra condição”.
Radhika Coomaraswamy, ex-Relatora Especial das Nações Unidas da Comissão dos Direitos Humanos, referindo-se à violência contra as mulheres, disse que, para a grande maioria delas, esse tipo de violência é “um tabu, algo que a sociedade finge não ver e uma realidade vergonhosa”. Estatísticas divulgadas por uma organização de vitimologia, na Holanda, indicam que 23% das mulheres em um país sul-americano, ou cerca de 1 em cada 4, sofrem alguma forma de violência doméstica. Do mesmo modo, o Conselho da Europa calcula que 1 em cada 4 mulheres européias sofre violência doméstica durante sua vida. De acordo com o Ministério do Interior Britânico, na Inglaterra e no País de Gales, num ano recente, em média duas mulheres por semana foram mortas pelo parceiro, atual ou anterior. A revista India Today International, relatou que “para as mulheres da Índia, o medo é um companheiro constante e o estupro é o estranho que talvez tenham de encarar em qualquer esquina, rua, lugar público e a qualquer momento”. A Anistia Internacional descreve a violência contra mulheres de todas as idades como “o mais comum dos desafios aos direitos humanos” de hoje em dia.
Será que as estatísticas acima refletem a atitude de Deus para com as mulheres? Essa pergunta será considerada no próximo artigo.

terça-feira, 15 de junho de 2010

Castigo ou Reabilitação?

A questão debatida é: Devem às prisões ser primariamente locais de castigo para os malfeitores, ou locais de reabilitação? Breve exame da história, contudo, revela que há alternativas inteiramente diversas.

Nos tempos antigos, não existiam prisões, conforme as conhecemos. Naquele tempo, os malfeitores eram executados, ou então recebiam castigo físico, isto é, punição corporal. Isso podia incluir o açoite, ser marcados a ferro quente ou aleijados, após o que o malfeitor era solto.

Daí, nos séculos dezoito e dezenove, a pena de morte passou a ser aplicada a menos crimes, e o castigo físico foi gradualmente abolido. Foi quando aumentou o costume de mandar os malfeitores para a prisão. Estas eram locais infestados de insetos nocivos, sujos, superlotados, onde o alimento era escasso e os reclusos trabalhavam longas horas. Muitos morriam devido às terríveis condições. O castigo era a finalidade primária de tais prisões.

Nos tempos mais recentes, ocorreu uma mudança de atitudes. No século passado, propôs-se a idéia de que a principal finalidade das prisões devia ser reformar ou reabilitar os reclusos. Nos EUA, já em 1970, a Força-Tarefa Sobre a Reabilitação dos Presos, do ex-presidente Nixon, concluiu que os programas de reabilitação de presos deveriam tornar-se modalidade central de futuras diretrizes carcerárias.

Mas, recentemente, os esforços de reabilitação têm sofrido críticas. Esta súbita mudança de ponto de vista me interessava.

O problema carcerário — qual é a solução?

NO DIA 16 de agosto do ano passado, recebi um telefonema em meu escritório, em Brooklyn, Nova Iorque. Reconheci a voz dum velho amigo, que dizia: “Gostaria de proferir alguns discursos na prisão de Angola, lá na Luisiana?”

“Se eu gostaria? É claro que sim, gostaria muito!” Fiquei contente de ter essa oportunidade.

Há cerca de um ano, tinha lido a respeito de um programa de reabilitação de grande êxito, naquela prisão, e queria observá-lo em primeira mão. Foram feitos arranjos para que eu chegasse até lá de avião, em 4 de novembro de 1976.

Nutro profundo interesse pelas prisões e pelos esforços de reabilitar os presidiários. Isto se deve, em grande parte, a que eu passei cerca de dois anos atrás das grades, na década de 1940. Não estava detido por algum crime, mas porque minha consciência não me permitia tomar armas para a guerra.

Faz muito tempo que as prisões apresentam problemas — a superpopulação talvez seja o maior, atualmente. Notei a seguinte notícia no Post de Denver, EUA, ano passado: “A construção de prisões ameaça tornar-se a indústria de maior crescimento da década de 70. . . . 524 novas instalações ou anexos estão agora sendo planejados.” — 25 de abril de 1976.

Mas, será que construir mais prisões equacionará o problema? Será que o melhor meio de lidar com malfeitores é mandá-los para a cadeia?

Interessei-me pelo debate, que está sendo travado nos últimos anos, quanto a qual deve ser a verdadeira finalidade das prisões.
400.000 em média — diariamente atrás das grades.

Cada prisioneiro custa Cr$ 15.000,00 por ano.

Muda o Conceito Sobre Prisões

Durante os séculos dezoito e dezenove, movimentos de reforma começaram a mudar o método de se tratar os violadores da lei. Tais reformas gradualmente acabaram com a pena de morte para muitos crimes. Nos anos recentes, muitos países abandonaram por completo a pena de morte. Também, acabou-se gradualmente com o castigo físico. Ao invés, sentenças de prisão se tornaram substitutos para a pena de morte e os castigos físicos.

Isto significava que as prisões agora tinham de manter muitas pessoas, algumas por longos períodos de tempo. Assim, grande número de prisões tiveram de ser construídas para reter tais ofensores. Algumas prisões construídas foram chamadas de “penitenciárias”, porque se pensava que nelas o criminoso tornar-se-ia penitente. Esperava-se que usaria o tempo para meditar em seu crime e lastimá-lo, de modo que não desejasse cometer outro crime depois de ser liberto.

No entanto, tais prisões primitivas eram não raro câmaras de terror. De início, tanto os convictos como aqueles que aguardavam julgamento (inclusive os inocentes), homens e mulheres, velhos e jovens, saudáveis e doentes, ofensores em primeiro grau e criminosos endurecidos, eram colocados juntos. As prisões usualmente estavam infestadas de parasitos, eram sujas e apinhadas. Rapidamente se tornaram centros de degradação física e moral. A respeito de uma prisão típica na Inglaterra, The Gentleman’s Magazine, de 1759, disse:

“Torna-se um seminário de perversidade em todos os seus ramos. O aprendiz vadio, logo que colocado na casa de correção, torna-se associado com assaltantes de estradas, violadores de domicílio, batedores de carteiras e prostitutas ambulantes, sendo testemunha da mais horrível impiedade e da mais completa lascívia, e, em geral, deixa atrás de si qualquer boa qualidade com que ali entrou, junto com sua saúde.”

Em 1834, uma autoridade viajou para a Ilha de Norfolk, colônia penal situada a uns 1.450 quilômetros ao nordeste de Sidnei, Austrália. Foi enviado ali para consolar alguns homens prestes a ser executados. Escreveu a respeito de sua experiência:

“É um fato notável que, à medida que mencionava os nomes dos homens que deveriam morrer, eles, um após outro, ao serem pronunciados seus nomes, caiam de joelhos e agradeciam a Deus por serem libertos daquele horrível lugar [por serem executados], ao passo que outros, aqueles a serem retidos [não executados], permaneciam mudos e chorando. Foi a cena mais horrível que já presenciei.”

Até mesmo neste século vinte, as condições carcerárias eram com freqüência abomináveis até nos EUA. Depois de uma visita de inspeção às prisões, no início da década de 1920, certa autoridade ficou tão horrorizada com o tratamento dos presos que declarou: “Lidávamos com atrocidades.”

Assim, ao invés de lugares de detenção antes do julgamento, na maior parte dos últimos séculos, as prisões cada vez mais se tornaram lugares de punição. O confinamento, as condições, as atitudes para com os presos, todas constituíam terrível ordálio. Mas, a maioria das pessoas parecia aceitar isto como a melhor forma de impedir que outros cometessem crimes, e também de impedir que alguém que já cumprira uma sentença cometesse outros crimes. Pensava-se que, certamente, não iria desejar passar de novo por tal ordálio. Mas, pouco ou nada se tentou fazer para reformar os ofensores, de modo a torná-los membros mais úteis da sociedade.

Assim, neste estágio de como lidar com os violadores da lei, as prisões eram, consideradas como um mal lamentável, mas necessário. Quando outros bradavam contra as durezas sofridas pelos presos um comentário ouvido com freqüência em resposta era: “Deveriam ter sido mais cuidadoso para não irem parar lá.”

Todavia, sob tal conceito, será que as prisões resultaram ser melhor meio dissuasório para o crime? Eram superiores aos métodos prévios de pena capital e de castigo físico?

Como Se Originaram?

Talvez lhe surpreenda saber que as prisões, conforme existem hoje, têm origem relativamente recente. Nos tempos antigos, havia muito poucas prisões. Antes dos anos 1700, as pessoas não eram usualmente encarceradas como punição pelos seus crimes. Era só o ofensor especial que era punido com prisão, talvez por ser algemado ali, ou obrigado a fazer trabalhos forçados em confinamento, ou brutalizado de outros modos enquanto sob custódia.

Nos tempos primitivos, as prisões em geral eram simples lugares de detenção para alojar pessoas acusadas dum crime, mas que ainda não haviam sido julgadas. Depois do seu julgamento, eram sentenciadas a um castigo, se julgadas culpadas. Mas, com poucas exceções, tal castigo não era uma sentença de prisão. Eram executadas, usualmente por decapitação ou enforcamento, ou se lhes dava um castigo físico, isto é, uma punição física, que podia incluir açoites, marcar a ferro quente ou mutilação e então eram libertas.

Alguns criminosos eram serem colocados no tronco, que consistia em uma armação de madeira, com buracos para os tornozelos e, às vezes, os pulsos. Desta forma, sentada, a pessoa culpada ficava exposta ao ridículo público por um período de tempo e então era libertada. O pelourinho era similar, sendo uma armação de madeira erguida sobre um poste, com buracos para a cabeça e as mãos do ofensor, que ficava em posição ereta. Era, também, usado para expô-lo ao ridículo público por breve período, depois do que era libertado. Às vezes, os criminosos eram enviados para ser escravos, amiúde nas galeras. Estas eram navios impulsionados por fileiras de remos. O ofensor, usualmente acorrentado, tinha de servir por um período da tempo remando.

Nos Estados Unidos e na Inglaterra, durante o princípio dos anos 1700, a pena capital (a pena de morte) era usada para mais de duzentas ofensas separadas. Para os crimes menores, os ofensores recebiam castigos físicos, tais como açoites, mutilação ou ser colocados no tronco. Mas, eram então libertos. Pouquíssimos cumpriam o que hoje é conhecido como sentença de prisão.

No antigo Israel, a lei dada por Deus mediante Moisés não continha provisão alguma para prisões. A única vez em que pessoas eram detidas temporariamente era quando um caso era particularmente difícil e tinha de aguardar esclarecimento. (Lev. 24:12; Núm. 15:34) Mas, ninguém jamais cumpria uma sentença de prisão na história primitiva do Israel antigo.

Estes métodos primitivos de se cuidar dos criminosos significava que muito poucos fundos públicos eram gastos com os ofensores. Havia poucas prisões ou guardas para mantê-las.

O que acontece às prisões?

ATRAVÉS da história, tem sido o direito reconhecido das sociedades punir o crime. Atualmente, a forma em que quase todos os países tratam as pessoas que cometem crimes graves é confiná-las às prisões. Algumas permanecem ali pelo resto de suas vidas.

Quantas pessoas vêem o interior de uma prisão desta forma a cada ano? Apenas nos EUA, cerca de 2.500.000. Em qualquer dia, cerca de 1.250.000 pessoas aguardam julgamento ou cumprem sentenças em prisões, reformatórios, campos de trabalho e clínicas, ou se acham sob livramento condicional ou em “sursis”. São cuidadas por cerca de 120.000 pessoas. Quanto isto custa ao contribuinte? Cerca de seis bilhões de cruzeiros anualmente.

Em anos recentes, as prisões em muitos países têm vindo à atenção do público por motins e derramamento de sangue em larga escala. Isto se dá em especial nos EUA, onde as prisões enfrentam uma crise. Em setembro de 1971, tal crise explodiu no choque mais sangrento nas prisões deste século.

O cenário foi a Casa de Correção Estadual de Attica, em Nova Iorque, onde 1200 presidiários rebelados capturaram 38 guardas e empregados. Depois de quatro dias, mais de 1.000 polícias estaduais e soldados da guarda nacional tentaram capturar a prisão num ataque relâmpago. O tiroteio que se seguiu deixou este tributo final: 32 presos e 10 guardas e empregados que serviram de reféns foram mortos, e mais de 200 presidiários ficaram feridos. Nove dos reféns foram mortos inintencionalmente pelas balas dos agentes da lei invasores.

Visto que as prisões em muitos lugares se acham em dificuldades, é oportuno formular as seguintes perguntas: Como se originaram as prisões modernas? Realizam aquilo a que se destinaram? Será que a vida na prisão ajuda a reformar os criminosos? O que dizer das vítimas dos crimes — quem as compensa? Haverá um modo melhor de lidar com os crimes contra a sociedade? Virá a existir um tempo em que as prisões não mais serão necessárias?

segunda-feira, 7 de junho de 2010

“Busque ajuda agora”

  “Se você é homem e está envolvido sexualmente com crianças, talvez esteja dizendo para si mesmo: ‘Ela gosta disso’, ou ‘ele pediu isso’, ou ‘estou ensinando a ela a respeito de sexo’. Você está mentindo para si mesmo. Verdadeiros homens não se envolvem sexualmente com crianças. Se houver em você um resquício de interesse no bem-estar dessa criança, pare com isso. Busque ajuda agora.” — Um sugerido anúncio de serviço público, citado no livro By Silence Betrayed (Traídos Pelo Silêncio).
  Certa ex-vítima de anos de incesto disse: “O abuso mata as crianças, mata a sua confiança, o seu direito de sentir-se inocente. É por isso que as crianças têm de ser protegidas. Porque agora eu preciso reconstruir toda a minha vida. Por que fazer com que mais crianças tenham de fazer isso?”

  Realmente, por quê?
Abuso sexual de crianças ocorre quando alguém usa uma criança para gratificar seu desejo sexual. Não raro envolve o que a Bíblia chama de fornicação, ou por·ne·í·a, que poderia incluir acariciar a genitália, relação sexual e sexo oral ou anal. Alguns atos abusivos, como acariciar os seios, propostas explicitamente imorais, mostrar pornografia a uma criança, voyeurismo e exposição indecente, podem enquadrar-se no que a Bíblia condena como “conduta desenfreada”. — Gálatas 5:19-21; veja A Sentinela de 15 de setembro de 1983, nota de rodapé na página 30.

Ao passo que a maioria dos molestadores de crianças sofreu abusos quando criança, isto não significa que o abuso faz com que as crianças se tornem abusadores. Menos de um terço de crianças que sofreram abusos se tornam molestadores de crianças.

O fim do abuso

Se bem aplicadas, as informações acima podem fazer muito para reduzir as possibilidades de abuso de crianças no seu lar. Lembre-se, porém, que os abusadores trabalham em segredo, exploram a confiança e usam táticas de adultos com crianças inocentes. Inevitavelmente, então, alguns deles parecem realmente se safar de seus crimes repugnantes.

Contudo, tenha certeza de que Deus vê o que eles fazem. (Jó 34:22) A menos que se arrependam e mudem, ele não se esquecerá de seus atos vis. Ele os desmascarará no seu devido tempo. (Compare com Mateus 10:26.) E ele fará justiça.  Deus promete um tempo em que tais traiçoeiros serão ‘arrancados da terra’, e apenas os mansos e brandos que amam a Deus e ao próximo terão permissão de permanecer. (Provérbios 2:22; Salmo 37:10, 11, 29; 2 Pedro 2:9-12) Temos essa esperança maravilhosa de um novo mundo graças ao sacrifício resgatador de Jesus Cristo. (1 Timóteo 2:6) Daí, e somente então, o abuso acabará para sempre.

No ínterim, temos de fazer tudo ao nosso alcance para proteger os nossos filhos. Eles são muito preciosos! A maioria dos pais arriscará prontamente a sua própria segurança para proteger seus filhinhos. (Compare com João 15:13.) Se não protegermos os nossos filhos, as conseqüências podem ser horríveis. Se o fizermos, damo-lhes uma dádiva maravilhosa — uma infância inocente e livre de calamidade. Podem sentir-se como o salmista, que escreveu: “Vou dizer a Deus: ‘Tu és meu refúgio e minha fortaleza, meu Deus, em quem vou confiar.’” — Salmo 91:2.

Corte o ciclo do abuso

Sob provação severa, Jó disse: “Minha alma certamente se enfada da minha vida. Vou externar a minha preocupação comigo mesmo. Vou falar na amargura da minha alma!” (Jó 10:1) Similarmente, muitos pais descobriram que podem ajudar seus filhos ajudando a si mesmos. A publicação The Harvard Mental Health Letter disse recentemente: “Fortes sanções sociais contra os homens expressarem dor aparentemente perpetua o ciclo do abuso.” Parece que os homens que jamais expressam a sua dor de terem sofrido abusos sexuais são os que com maior probabilidade se tornam abusadores. O The Safe Child Book informa que a maioria dos molestadores de crianças foram eles mesmos molestados sexualmente quando crianças, mas sem jamais terem recebido ajuda para se recuperar. Eles expressam a sua dor e a sua ira abusando de outras crianças. — Veja também Jó 7:11; 32:20.

O risco para as crianças pode ser também maior quando as mães não conseguem conviver com o fato de terem sofrido abusos no passado. Por exemplo, pesquisadores informam que mulheres que sofreram abusos sexuais quando meninas não raro se casam com homens que abusam de crianças. Ademais, se uma mulher não consegue conviver com abusos do passado, compreensivelmente poderá achar difícil falar sobre abuso com seus filhos. Se o abuso ocorrer, talvez tenha menos condições de discerni-lo e tomar ação positiva. Os filhos então pagam um preço terrível pela inércia da mãe.

Assim, o abuso pode passar duma geração para a seguinte. Naturalmente, muitos indivíduos que preferem não falar sobre seu doloroso passado parecem aptos para se darem bem na vida, e isso é elogiável. Mas em muitos a dor é mais profunda, e deveras precisam fazer um esforço orquestrado — incluindo, se necessário, buscar ajuda profissional competente — para sarar tais sérias feridas da infância. Seu alvo não é entregar-se à autocomiseração. Eles desejam quebrar esse doentio e danoso ciclo de abuso de crianças que afeta sua família. — Veja Despertai! de 8 de outubro de 1991, páginas 3 a 11.

Lugar emocionalmente seguro

Certa jovem mulher que chamaremos de Sandi diz: “Tudo na minha família era propício ao abuso. Ela se isolava, e cada membro se isolava um do outro.” O isolamento, a rigidez e a obsessão em manter as coisas em segredo — tais atitudes não sadias e não bíblicas são marcas registradas da família em que ocorrem abusos. (Compare com 2 Samuel 12:12; Provérbios 18:1; Filipenses 4:5.) Crie um ambiente doméstico emocionalmente seguro para os filhos. O lar deve ser um lugar onde eles se sintam edificados, à vontade para abrir seus corações e falar francamente.

Além disso, as crianças precisam muito de expressões físicas de amor — abraços, afagos, segurar na mão, brincadeiras animadas. Não exagere nos perigos de abuso sexual por refrear-se dessas demonstrações de amor. Ensine aos filhos por meio de franco e caloroso afeto e elogio que eles são valiosos. Sandi recorda: “Minha mãe achava ser errado elogiar alguém por qualquer coisa que fosse. Fazer isso deixaria a pessoa cheia de si.” Sandi sofreu pelo menos dez anos de abuso sexual em silêncio. Crianças sem certeza de que são amadas, de que são indivíduos dignos, talvez sejam mais suscetíveis aos elogios de um abusador, ao seu “afeto”, ou às ameaças de privá-las disso.

Um pedófilo que abusou sexualmente de centenas de meninos num período de 40 anos admitiu que os meninos que tinham necessidade emocional de um amigo como ele eram as “melhores” vítimas. Não crie tal necessidade em seus filhos.

Leis morais

Exerce a lei bíblica alguma influência na sua família? Por exemplo, Levítico 18:6 diz: “Não vos deveis chegar, nenhum de vós, a qualquer parente carnal que lhe seja chegado, para descobrir a nudez. Eu sou Deus” Similarmente, a congregação cristã hoje aplica leis fortes contra todas as formas de abuso sexual. Quem abusa sexualmente de uma criança corre o risco de ser desassociado, ser expulso da congregação. — 1 Coríntios 6:9, 10.

Todas as famílias deviam conhecer e recapitular junto essas leis. Deuteronômio 6:6, 7 insta: “E estas palavras que hoje te ordeno têm de estar sobre o teu coração; e tens de inculcá-las a teu filho, e tens de falar delas sentado na tua casa e andando pela estrada, e ao deitar-te e ao levantar-te.” Inculcar essas leis significa mais do que ocasionalmente passar um sermão nos filhos. Envolve uma troca regular de informações. Periodicamente, tanto o pai como a mãe devem reafirmar seu apoio às leis de Deus sobre incesto e os motivos amorosos que as justificam.

Poderá também usar histórias, tais como as de Tamar e Amnom, filhos de Davi, para mostrar às crianças que em assuntos sexuais existem limites que ninguém — nem mesmo parentes íntimos — jamais deve ultrapassar. — Gênesis 9:20-29; 2 Samuel 13:10-16.

Pode-se mostrar respeito por esses princípios até mesmo pela maneira de morar junto. Num certo país oriental, pesquisas mostram que muitos casos de incesto ocorrem em famílias em que as crianças dormem junto com os pais, mesmo quando não há necessidade econômica para isso. Similarmente, em geral não é sensato que irmãos do sexo oposto compartilhem a mesma cama ou o mesmo quarto, ao ficarem mais velhos, se isso for evitável. Mesmo se morar num lugar apertado for uma realidade da vida, os pais devem usar de bom senso ao decidir onde cada membro da família vai dormir.

A lei bíblica proíbe a bebedeira, sugerindo que esta pode levar à perversão. (Provérbios 23:29-33) Segundo certo estudo, de 60 a 70 por cento das vítimas de incesto informaram que o perpetrante do abuso (genitor) havia bebido quando o abuso começou.

Prevenção no lar

Mônica tinha nove anos quando ele começou a abusar dela. Ele começou a espiá-la, quando ela trocava de roupa; daí passou a ir ao quarto dela à noite e a tocar nas suas partes íntimas. Quando ela lhe resistiu, ele ficou furioso. Certa vez chegou a atacá-la com um martelo e a atirá-la escada abaixo. “Ninguém acreditaria em mim”, lembra-se Mônica — nem mesmo a mãe dela. O abusador era o padrasto de Mônica.

A MAIOR ameaça às crianças não é um tipo de personagem misterioso, um solitário à espreita num matagal. É um membro da família. A ampla maioria dos abusos sexuais ocorre dentro do lar. Portanto, como pode o lar tornar-se mais seguro contra o abuso?

Em seu livro Slaughter of the Innocents (Matança dos Inocentes), o historiador Dr. Sander J. Breiner examina as evidências de abuso de crianças em cinco sociedades antigas — Egito, China, Grécia, Roma e Israel. Ele concluiu que, embora existissem casos de abuso em Israel, estes eram relativamente raros em comparação com as outras quatro civilizações. Por quê? Diferente de seus vizinhos, ao povo de Israel se ensinava respeitar as mulheres e as crianças — um conceito esclarecido que deviam às Escrituras Sagradas. Quando os israelitas aplicavam a lei divina à vida familiar, evitavam o abuso de crianças. As famílias de hoje mais do que nunca precisam desses padrões limpos e práticos.

terça-feira, 1 de junho de 2010

Polícia: a esperança e o medo da população

NO INÍCIO do século 19, muitos na Inglaterra resistiram às propostas da criação de uma força policial uniformizada. Temiam que um exército sob o comando de um governo central constituísse uma ameaça à liberdade. Havia também o receio de que se desenvolvesse um sistema de policiais espiões, como ocorreu na França sob José Fouché. Mas o dilema era: ‘O que faremos sem polícia?’

Ao passo que Londres se tornara a maior e a mais rica cidade do mundo, o aumento da criminalidade representava uma ameaça ao seu comércio. Os vigias noturnos voluntários e os caçadores de ladrões (detetives de uma entidade privada denominada Bow Street Runners) não davam conta de proteger a população e suas propriedades. Clive Emsley comenta no seu livro The English Police: A Political and Social History (História Política e Social da Polícia Inglesa): “Houve uma conscientização cada vez maior de que o crime e a desordem não poderiam ser tolerados numa sociedade civilizada.” Assim, os londrinos acharam por bem dispor de uma força policial profissional, organizada sob a direção de Sir Robert Peel. Em setembro de 1829, policiais uniformizados da Polícia Metropolitana começaram a fazer rondas.

Desde o começo de sua história moderna, a polícia tem inspirado esperança e medo na população — esperança de que proporcione segurança e medo de que abuse de sua autoridade.

Como os furtadores pagam



Antigamente, quando os donos de loja pegavam alguém furtando, em geral davam uma dura advertência e o deixavam ir embora. Hoje em dia é comum eles fazerem com que até mesmo os que furtam pela primeira vez sejam presos. Os ladrões então percebem que seu crime tem sérias conseqüências. A jovem Natalie descobriu isso por si mesma.

Ela disse: “Quanto mais eu roubava, mais confiante ficava. Eu achava que, mesmo que fosse pega, os custos com o advogado e o processo ainda seriam menores do que se eu tivesse pago por aquelas roupas maravilhosas.” Natalie estava errada.

Ela foi pega roubando um vestido, e a polícia a levou algemada para a delegacia, onde tiraram suas impressões digitais e a trancaram numa cela com outras criminosas. Ela ficou horas esperando até seus pais conseguirem pagar a fiança.

Isto é o que Natalie diz a qualquer pessoa que pensa em roubar: “Vá por mim: compre logo a maldita roupa.” Ela diz que, se você decidir roubar, “vai se arrepender por muito tempo”.

Uma ficha criminal é motivo de arrependimento. Os condenados por furto em lojas talvez descubram, para sua humilhação, que seu crime não cai no esquecimento, mas sempre aparece para atormentá-los, como uma mancha numa roupa. O furtador talvez tenha de declarar seu crime ao tentar ingressar numa universidade. Ele pode ter dificuldades ao tentar iniciar uma carreira, como medicina, odontologia ou arquitetura. As empresas talvez pensem duas vezes antes de lhe dar um emprego. E esses problemas podem surgir mesmo que ele tenha cumprido a pena imposta pelo tribunal e não roube mais.

Furtar pode sair caro mesmo que o criminoso não seja condenado. Foi isso o que descobriu Hector, mencionado no artigo anterior. Ele diz: “Eu sempre conseguia escapar e nunca fui pego roubando.” Mas ele teve de pagar caro por isso. Refletindo, ele diz: “Acho que os jovens têm de entender uma coisa: você colhe o que planta. Mesmo que você nunca seja pego pela polícia, vai pagar pelo que fez.”

Furtos em lojas não são crimes sem vítimas, e as coisas roubadas têm preço. Qualquer pessoa que tem o hábito de furtar deve abandonar completamente essa prática. Mas como uma pessoa nessa situação pode encontrar a força necessária para deixar de roubar de uma vez por todas? Será que esse crime vai ser algum dia eliminado?

Por que se perde a luta contra o crime?

Leia o Que um Veterano Oficial de Polícia Diz Sobre Isso

NENHUMA cidade tem uma soma total de crimes igual à de Nova Iorque. Mais pessoas — 1.669 — foram assassinadas aqui num ano recente do que as que foram mortas em quase sete anos de luta na Irlanda do Norte!

Como oficial de polícia de Nova Iorque durante quatorze anos, vi o fracasso de toda sorte de esforços para frear estes crimes. O promotor público especial do Estado de Nova Iorque, Maurice Nadjari, estava certo ao dizer: “Não somos mais capazes de fornecer segurança às pessoas contra o crime.”

Centenas de nova-iorquinos diariamente são assassinados, ou agredidos, ou estuprados ou roubados — quase a cada minuto se comunica à polícia crime grave. Certa manchete do Times de Nova Iorque, noticiando o aumento de crimes dos primeiros meses de 1975 em comparação com os mesmos meses de 1974, reza: “CRIMES GRAVES AUMENTAM 21,3% NA CIDADE.” Não é de admirar que, em muitas partes da cidade, os nova-iorquinos receiem aventurar-se em sair de casa — são, efetivamente, prisioneiros em suas próprias casas.

Pare Onde Isso Levará

Não resta dúvida de que policiais, individualmente, foram culpados de corrupção, tratamento injusto ou até mesmo de atividades criminosas. Os agentes da lei admitem isso. Mas, o que aconteceria se todos os policiais fossem removidos do caminho na sociedade hodierna?

Um exemplo do que provavelmente aconteceria foi visto em Montreal, Canadá. Em 7 de outubro de 1969, os 3.700 agentes da lei de Montreal fizeram uma greve ilegítima de dezessete horas numa disputa salarial. O resultado foi a anarquia. Durante aquele período, houve uma onda atordoante de roubos, invasões de propriedades e outros crimes. Cerca de mil vitrines foram quebradas na parte central de Montreal. Centenas de lojas, grandes e pequenas, foram saqueada. O editor do Star de Montreal noticiou que a lição principal foi a de que todos os cidadãos de Montreal descobriram quão vulneráveis eram sem a proteção policial. Ninguém estava imune. Sofreram tanto os ricos como os pobres.

No entanto, isto não desculpa os policiais de sua responsabilidade de não abusar de sua autoridade. Quando uma comissão presidencial dos EUA investigou a violência nos campos, comentou que era ‘mandatório que a polícia se mantivesse calma e que seus superiores os ajudassem’.

Todavia, o maldoso escalonamento continua. Aqueles que têm queixas, reais ou imaginárias, não raro se vingam na polícia. A polícia, sendo composta de humanos, às vezes responde em crescente dureza, o que não raro faz com que os outros se tornem mais hostis para com ela. O resultado é crescente tendência para a anarquia.

Uma autoridade em Washington, D.C., concluiu: “A menos que se faça algo para inverter a atual tendência, este país vai ficar em guerra civil dentro de cinco a dez anos.” Observou que “as pessoas estão ficando cheias desta violência nas ruas” e que crescente número do público poderia ser provocado a ponto de aprovar o uso de força repressiva esmagadora. Se isso acontecer, o que resultará? A autoridade disse: “O que lhes restaria seria um estado fascista.”

Por Que Isto Acontece

Por que há tal aumento no terrorismo? Bill Moyers, antigo ajudante do presidente, disse na revista Harper’s: “Em cem comunidades em toda parte do país, numa época de violência, ninguém — as comissões presidenciais, as agências estaduais, a polícia, os próprios participantes — poderia dizer com autoridade: ‘Esta é a razão por que isto acontece.’”

Todavia, há fatores envolvidos que podem ser compreendidos. Por exemplo, no que tange aos ataques em Cairo, a revista Newsweek noticiou que eram “um ato aparente de retaliação a supostos ataques policiais contra os moradores pretos”. Comentou que militantes brancos “enfureceram os elementos pretos por realizar patrulhas regulares, do tipo dos vigilantes, pelas comunidades negras. Desta vez parecia ser a vez dos pretos de exacerbar a tensão”.

O Tenente William McCoy, do departamento de polícia de Detroit, mencionou as instruções impressas distribuídas entre os militantes pretos. As instruções diziam: Quando um grupo de autodefesa avança contra este sistema opressivo por executar um poção [policial] por qualquer meio — tiro de franco-atirador, punhalada bomba, etc. — em defesa contra os 400 anos de brutalidade racista e assassinato, isto só pode ser definido como autodefesa.” Assim, a razão principal que os “revolucionários” pretos fornecem para suas atividades é o ressentimento contra o tratamento recebido por eles durante centúrias de escravidão, preconceito e maus tratos.

Há, também, numerosos grupos de “revolucionários” brancos. Qual é seu alvo? Quando os repórteres têm oportunidade de falar com alguns deles, tornam claro que trabalham para derrotar a ordem estabelecida, inclusive o arranjo governamental. Mas, não se fornece nenhum quadro claro do que propõem em substituição.

O que isto tem de ver com os ataques aos policiais por tais grupos ou pessoas? Certo tenente da polícia disse: “O policial é o símbolo mais visível do estabelecimento, e da justiça que representa. Os que atiram nos policiais fazem isso porque não podem atingir o Prefeito, o Presidente, ou até mesmo a esposa deles para satisfazer seus anseios patológicos de vingar-se de alguém.”

Acham-se estes grupos “revolucionários”, tanto pretos com brancos, sob qualquer direção ou controle central? O Procurador-Geral dos EUA, John Mitchell, descreveu-os como conspiração desagregada de grupos radicais e anarquistas dedicados à destruição das instituições estadunidenses. William C. Sullivan, ajudante do diretor do Departamento Federal de Investigações, disse que o FBI não possui evidência de que qualquer grupo, inclusive o Partido Comunista, seja responsável pela crescente desordem.

Um “revolucionário” disse a um repórter de Newsweek: “Tem-se de dizer ao povo que não somos realmente um bando de assassinos comunistas disfarçados. Queremos as mudanças agora. E não temos nada à nossa disposição senão a violência. Não podemos sequer fazer demonstrações sem receber cacetadas e gás lacrimogêneo. Ora, se não podemos viver em paz, então os ricos não podem viver em paz. Haverá uma guerra geral dentro de um ano.” Disse que um terço de seu grupo era constituído de veteranos da guerra do Vietnã que usava seu treino militar com armas e explosivos para fins revolucionários.

Quão séria é a situação, na opinião das autoridades? Certa autoridade veterana do Ministério da Justiça descrevera da seguinte forma: “Temos de encarar a questão, estamos no que equivale a uma guerrilha com a moçada. E, até agora, a moçada está vencendo.” Muitos dentre a “moçada” são filhos de pais da classe média. Consideram-se “patriotas da contracultura” e não criminosos. Assemelham suas atividades aos revolucionários que derrotaram a regência britânica sobre as colônias norte-americanas, levando à Declaração de Independência em 1776.

Ominosa Tendência

Nos poucos anos recentes, os EUA presenciam rápido crescimento do que tem sido chamado de “terrorismo”. Em uma cidade após outra, matam-se policiais a sangue frio. A forma de serem executados tais ataques mostra que diferem do tipo que resulta quando um policial prende um criminoso que então recorre à violência.

Por exemplo, certo policial de Sacramento foi morto quando ia em seu carro-patrulha, recebendo um tiro mortífero de um franco-atirador que usava um fuzil militar. Em São Francisco, uma delegacia de polícia foi alvo de bombas, que mataram um oficial e feriram oito outros. Três foram mortos em diferentes ocasiões, quando entregavam multas de trânsito; em cada caso, um assassino se aproximou do policial insuspeito enquanto ele anotava a multa e o matou com um revólver. Em West Philadelphia, um atirador penetrou na delegacia de polícia e meteu cinco tiros no sargento escrivão que estava sentado quieto.

Assim declarou um policial de Detroit: “É como estar numa guerrilha.” O Comissário de Polícia de Philadelphia, Frank Rizzo, disse: “Isto não é mais crime. Isto é revolução.” O vice-procurador-geral da Califórnia, Charles O’Brien, pontificou: “Os agentes da lei se tornaram alvo especial dos terroristas e anarquistas em nossa sociedade. . . . Acho isso muito atemorizante.” Chamou o “aumento fantástico” nos ataques de “perigo claro e atual para o governo dos Estados Unidos”. E o Senador James Eastland declarou: “Uma organizada ‘guerra contra a polícia’ ameaça minar a lei e a ordem nos Estados Unidos.” Adicionou: “Tais ataques deliberados são por demais difundidos, os incidentes são por demais numerosos, as táticas são parecidas demais para sugerir atos isolados de violência.”

Em Cairo, Illinois, o Chefe de Polícia Roy Burke disse, em setembro passado, que os franco-atiradores haviam baleado seu carro em seis diferentes ocasiões no ano. “Havia tantos furos no meu carro que eu tive que obter um novo”, disse. Daí, em outubro, de quinze a dezoito homens vestidos de roupas de trabalho do exército atacaram a delegacia de polícia de Cairo por três vezes em cerca de seis horas. No terceiro ataque, centenas de descargas de bala foram lançadas contra a delegacia. O Prefeito de Cairo, A. B. Thomas, declarou: “O que tivemos esta noite em Cairo foi a aberta insurreição armada.”

Policiais sob ataque




O TRABALHO de um policial não é nada fácil. Tem de cuidar de várias dificuldades e colocar também sua vida em perigo. Muitos policiais são mortos no cumprimento do dever cada ano, até mesmo em tempos “normais”.

No entanto, estes não são tempos normais. O trabalho dum policial é agora mais perigoso do que nunca. Isto se dá em especial nos EUA. Ali, num período comparativo, o dobro de policiais foram mortos em ataques não provocados em 1970 do que em 1969, e quatro vezes mais do que em 1968.

Somente na cidade de Nova Iorque, as estatísticas para 1970, até novembro, mostram que foram baleados 38 policiais, 46 foram esfaqueados ou apunhalados e 390 foram esmurrados ou chutados. Mais de 1.030 perderam horas de trabalho devido às violências cometidas contra eles. Em Detroit, tais ataques aumentaram 68 por cento num ano. Na Califórnia, dobraram os assassinatos de policiais. Em toda a parte, a tendência tem sido quase a mesma.

Por que tal aumento? Uma razão é o fantástico aumento no crime. Cada vez mais pessoas se voltam para atividades criminosas. Isto põe em grande perigo as vidas dos policiais, ao lidarem com tais pessoas.

Há ainda outro fator, contudo, no aumento crescente de ataques, um fator que é até mesmo mais ominoso do que o enorme aumento do crime.

sábado, 29 de maio de 2010

Negócios Escusos

Embora a maioria das transações com armas sejam feitas entre governos, tal negócio é escuso. Um informe de circulação restrita diz: “Uma ampla rede comercial opera clandestinamente, bem como através de canais aprovados. Os governos buscam os seus próprios interesses, muitas vezes de modo secreto.”

Embora vários Estados produtores de armas disponham de leis estritas que regulam as exportações militares para países em guerra, as armas deles continuam a chegar aos campos de batalha. Um informe do Instituto Internacional de Pesquisas Pela Paz, de Estocolmo, Suécia, explica a razão: “Não existem diques à prova d’água entre o negócio de armas legal, ‘claro’, e as transações ‘cinzentas’ e ‘negras’ de armas. Nenhum Estado que vende armas parece poder controlar plenamente como, contra quem, ou por quem, tais armas serão utilizadas.” Uma notícia publicada na revista Newsweek sobre o comércio de armas prevê: “As restrições à venda de armas provavelmente fracassarão, à medida que mais países entrarem na competição pela venda de armas.”

À sombra deste comércio internacional de armas entre governos, um exército de representantes comerciais particulares opera em todo o mundo. Eles mantêm contatos nos altos círculos políticos e militares. Entre eles acham-se representantes de grandes indústrias armamentistas, agentes (intermediários) que jamais tocam nas armas, contrabandistas que trocam armas por tóxicos, e vigaristas que operam em pequena escala.

Em sua ânsia de dinheiro, parece que não há nada que detenha algumas empresas de armas. A seguinte lista mostra algumas das intrigas de que elas têm sido acusadas, de acordo com Anthony Sampson, um pesquisador sobre o comércio de armas:

1. Fomentar rumores de guerras e persuadir os próprios países a adotar políticas belicosas e aumentar seu estoque de armas.

2. Subornar em grande escala as autoridades governamentais.

3. Espalhar informes falsos sobre programas militares, em vários países, para estimular os gastos com armas.

4. Influenciar a opinião pública através do controle da mídia.

5. Lançar um país contra o outro.

6. Organizar cartéis internacionais, a fim de elevar os preços das armas.

Todavia, o comércio de armas está florescendo mais do que nunca. E ninguém parece poder fechar este poderoso empório de armas. As duas maiores organizações internacionais de paz já formadas na História, a Liga das Nações e sua sucessora, as Nações Unidas, não conseguiram convencer sequer uma das nações-membros a ‘transformar suas espadas em relhas de arado’. O comércio de armas tornou-se tão interligado, política e economicamente, com os assuntos mundiais que muitas pessoas acham que está além de qualquer poder humano pôr um fim nisto. Então, existe qualquer poder que seja suficientemente forte para fazê-lo?

Competição sem Trégua

Todos os empresários desejam convencer as pessoas, por meio de publicidade, que seus produtos (sejam eles carros, barbeadores elétricos, sejam vassouras) são os melhores. Semelhantemente, em vistosos periódicos de negócios, impressos em quatro cores, os mercadores de armas anunciam seus mortíferos produtos como tendo provado sua condição letal.

Qual seria sua reação se lesse, no seu matutino, um anúncio que dissesse: “Procura um míssil de ataque? RBS 70 contém uma ogiva altamente eficaz”? Ou outro, que lhe oferecia uma arma antitanque leve, dizendo: “Um tiro certeiro e ele está liquidado! . . . Nada pode impedi-la”?

Tais anúncios deixariam as pessoas aborrecidas, se publicados em jornais comuns. Mas os periódicos do comércio de armas estão repletos deles. Em parte alguma se menciona, contudo, que ao adversário são também oferecidas as mesmas armas, igualmente mortíferas, igualmente precisas, igualmente dotadas de alta tecnologia. Em parte alguma se sugere como tais armas serão usadas, como os civis — os “consumidores” finais serão atingidos por tais armas terríveis.

Pode algum poder humano pôr um fim nisto?

VISTO que os mercadores de armas privam os pobres de enorme quantidade de bens e serviços necessários, por que o povo não os impede de fazer isso? A resposta simples é: O comércio de armas controla o dinheiro e o poder. Os seguintes fatos sobre o escopo, os interesses e os métodos deste grande negócio o ajudarão a descobrir por que nenhum poder humano consegue detê-lo.

Há muita gente que vive do comércio de armas. Desde o começo do século, o comércio de armas tem sido a indústria mais internacional do mundo. Emprega cerca de 50 milhões de pessoas, em todo o mundo, direta ou indiretamente. Em adição, um quarto dos cientistas do mundo, ou cerca de 500.000 pessoas, estão empenhados em pesquisas militares.

Estão envolvidos imensos interesses econômicos. Desde 1960, as nações do mundo já gastaram 15,2 trilhões de dólares (US$ 15.200.000.000.000 em dólares de 1984) na corrida armamentista. E a demanda de armas prossegue. Por exemplo, em 1987, os gastos militares atingiram um novo auge de 1,8 milhão de dólares por minuto! Em 1987 foram travadas vinte e duas guerras quentes, com pelo menos 2,2 milhões de baixas — mais guerras do que em qualquer ano anterior da história registrada! A guerra entre o Irã e o Iraque, classificada como a guerra localizada mais sangrenta e consumidora de recursos da história registrada, durante anos absorveu as armas de todas as partes do mundo.

Ao passo que se fala muito de paz, os gastos militares globais atingiram cerca de um trilhão de dólares. Na realidade, o mundo gasta cerca de três mil vezes mais com as forças militares do que nos esforços de manutenção da paz!

Muitas nações estão colocadas atrás do balcão global de venda de armas. As duas superpotências são os principais vendedores de armas do mundo. A França, a Grã-Bretanha, a Alemanha Ocidental e a Itália, são os principais negociantes de armas da Europa Ocidental. A Grécia, a Espanha e a Áustria recentemente se juntaram a eles.

Até mesmo as nações neutras vendem armas e tecnologia militar. A Suécia, prezada como a origem do Prêmio Nobel da Paz, dispõe de duas das mais avançadas empresas fabricantes de armas do mundo, produzindo, para exportação, aviões de combate, artilharia pesada e explosivos. A Suíça, comprometida com a Cruz Vermelha e com esforços humanitários, também está envolvida no comércio internacional de armas. Para agravar ainda mais esta intensa competição, um número cada vez maior de países do Terceiro Mundo também se tornam fabricantes de armas.

UMA DÉCADA VIOLENTA

Eleva-se de novo a taxa de homicídios nos Estados Unidos. O jornal The New York Times comenta que, ao passo que a taxa diminuiu ligeiramente no início dos anos 80, ela começou a crescer de novo depois de 1985. O total de pessoas assassinadas em 1989 foi cerca de 5 por cento maior do que os 20.680 mortos em 1988, que já era uma média de 1 pessoa morta a cada 25 minutos. Armas de fogo figuravam em cerca de 60 por cento das mortes, e, assim, tornaram-se a oitava causa principal de morte naquela nação. Apenas nas escolas, segundo certo estudo, o dia mediano presencia pelo menos cem mil alunos portando armas de fogo. As escolas da cidade de Nova Iorque vêem-se assim obrigadas a manter a “décima primeira maior força de segurança nos EUA”, comenta a revista Time. Para Nova Iorque, os anos 80 foram a década mais violenta na história da cidade, havendo cerca de 17.000 assassinatos. O advento do tóxico chamado crack contribuiu para esse total.

sábado, 22 de maio de 2010

De pedreiro a traficante

José, um amigável chefe de família, passou cinco anos traficando maconha do Marrocos para a Espanha. Como é que se envolveu nisso? “Quando eu trabalhava de pedreiro, um colega começou a traficar drogas”, explica. “Visto que eu precisava de dinheiro, me perguntava: ‘Por que não fazer o mesmo?’

“Era fácil comprar maconha no Marrocos — a quantidade que eu pudesse comprar. Com minha lancha veloz eu escapava facilmente da polícia. Uma vez na Espanha, eu vendia a droga em grandes quantidades, uns 600 quilos por vez. Eu tinha apenas três ou quatro compradores, que adquiriam qualquer quantidade que eu conseguisse arranjar. Mesmo com vigilância policial, a droga entrava no país. Nós, traficantes, tínhamos equipamento muito melhor do que a polícia.

“Eu ganhava facilmente muito dinheiro. Uma viagem da Espanha ao norte da África podia me render de 25 mil a 30 mil dólares. Em pouco tempo, eu tinha 30 homens a meu serviço. Nunca fui pego, pois eu pagava um informante para me avisar quando meus movimentos estavam sendo vigiados.

“Às vezes, eu pensava no mal que essas drogas podiam estar causando aos outros, mas eu havia me convencido de que a maconha era uma droga leve, que não matava ninguém. E, visto que estava ganhando muito dinheiro, pouco ligava para isso. Mas eu mesmo nunca usei drogas.”

“Mergulhados no mundo das drogas”

Ana, esposa de Pedro, foi criada na Espanha, num bom ambiente familiar. Aos 14 anos, Ana conheceu alguns rapazes de uma escola vizinha, que fumavam haxixe. De início, ela sentia repulsa do comportamento estranho deles. Mas uma de suas amigas, Rosa, sentiu-se atraída a um desses rapazes, que a convenceu de que fumar haxixe não fazia mal e que ela iria gostar. Rosa experimentou a droga e ofereceu-a também para Ana.

“Tive uma sensação agradável e, dentro de algumas semanas, eu fumava haxixe todos os dias”, diz Ana. “Depois de cerca de um mês, o haxixe não mais me satisfazia, de modo que passei a usar anfetaminas, além de fumar haxixe.

“Logo eu e meus amigos estávamos totalmente mergulhados no mundo das drogas. Falávamos sobre quem conseguiria tomar mais drogas sem sentir maus efeitos, e quem conseguiria ficar mais ‘alto’. Aos poucos, fui me afastando do mundo normal e raramente ia à escola. O haxixe e as anfetaminas já não bastavam, de modo que passei a injetar em mim mesma um derivado de morfina, que eu adquiria em diferentes farmácias. No verão assistíamos a concertos de rock ao ar livre, onde sempre era fácil obter drogas, como o LSD.

“Certo dia minha mãe me pegou fumando haxixe. Meus pais fizeram o possível para me proteger. Falaram-me dos perigos das drogas e o quanto me amavam e se preocupavam comigo. Mas eu achava que seus esforços eram uma interferência indesejada na minha vida. Aos 16 anos, decidi sair de casa. Juntei-me a um grupo de jovens que percorriam toda a Espanha vendendo colares artesanais e tomando drogas. Dois meses depois, a polícia me pegou, em Málaga.

“Ao ser entregue pela polícia aos meus pais, eles me receberam de braços abertos, e senti vergonha do que eu fizera. Meu pai chorava — algo que eu nunca o vira fazer antes. Lamentei tê-los magoado, mas o remorso não foi suficiente para me fazer largar as drogas. Eu usava drogas todos os dias. Quando estava sóbria, às vezes eu pensava nos riscos — mas por pouco tempo.”