sábado, 22 de maio de 2010

“Mergulhados no mundo das drogas”

Ana, esposa de Pedro, foi criada na Espanha, num bom ambiente familiar. Aos 14 anos, Ana conheceu alguns rapazes de uma escola vizinha, que fumavam haxixe. De início, ela sentia repulsa do comportamento estranho deles. Mas uma de suas amigas, Rosa, sentiu-se atraída a um desses rapazes, que a convenceu de que fumar haxixe não fazia mal e que ela iria gostar. Rosa experimentou a droga e ofereceu-a também para Ana.

“Tive uma sensação agradável e, dentro de algumas semanas, eu fumava haxixe todos os dias”, diz Ana. “Depois de cerca de um mês, o haxixe não mais me satisfazia, de modo que passei a usar anfetaminas, além de fumar haxixe.

“Logo eu e meus amigos estávamos totalmente mergulhados no mundo das drogas. Falávamos sobre quem conseguiria tomar mais drogas sem sentir maus efeitos, e quem conseguiria ficar mais ‘alto’. Aos poucos, fui me afastando do mundo normal e raramente ia à escola. O haxixe e as anfetaminas já não bastavam, de modo que passei a injetar em mim mesma um derivado de morfina, que eu adquiria em diferentes farmácias. No verão assistíamos a concertos de rock ao ar livre, onde sempre era fácil obter drogas, como o LSD.

“Certo dia minha mãe me pegou fumando haxixe. Meus pais fizeram o possível para me proteger. Falaram-me dos perigos das drogas e o quanto me amavam e se preocupavam comigo. Mas eu achava que seus esforços eram uma interferência indesejada na minha vida. Aos 16 anos, decidi sair de casa. Juntei-me a um grupo de jovens que percorriam toda a Espanha vendendo colares artesanais e tomando drogas. Dois meses depois, a polícia me pegou, em Málaga.

“Ao ser entregue pela polícia aos meus pais, eles me receberam de braços abertos, e senti vergonha do que eu fizera. Meu pai chorava — algo que eu nunca o vira fazer antes. Lamentei tê-los magoado, mas o remorso não foi suficiente para me fazer largar as drogas. Eu usava drogas todos os dias. Quando estava sóbria, às vezes eu pensava nos riscos — mas por pouco tempo.”

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