quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Armas, drogas e diamantes

O tráfico mundial de armas é um problema complexo. Grandes carregamentos de armas passam legalmente de um país para outro. Depois do fim da Guerra Fria, reduziram-se exércitos tanto no Oriente como no Ocidente e os governos venderam ou deram equipamentos que sobravam para nações amigas ou aliadas. Segundo uma escritora do Instituto de Pesquisa da Paz, em Oslo, Noruega, desde 1995 só os Estados Unidos doaram mais de 300.000 fuzis, pistolas, metralhadoras e lançadores de granada. Acredita-se que é mais barato dar do que desmontar ou guardar as armas. Alguns analistas calculam que armas pequenas ou leves no valor aproximado de três bilhões de dólares cruzam legalmente as fronteiras todo ano.

O comércio ilegal, porém, deve ser bem maior. Mas para conseguir armas no mercado negro é preciso pagar. Em algumas guerras na África, grupos paramilitares compraram armas pequenas ou leves no valor de centenas de milhões de dólares, não com dinheiro, mas em troca de diamantes confiscados em regiões de mineração. The New York Times comentou: “Em lugares em que o governo é corrupto, os rebeldes são impiedosos e as fronteiras, fáceis de atravessar . . . As pedras brilhantes se tornaram instrumentos de trabalho escravo, assassinato, mutilação, desabrigo em grande escala e colapso econômico generalizado.” É irônico que uma gema trocada por fuzis de assalto seja depois vendida numa joalheria chique como um dispendioso símbolo de amor eterno.

As armas também estão ligadas ao tráfico de drogas. Muitas organizações criminosas usam as mesmas rotas do tráfico de drogas para o contrabando de armas. Assim, na prática as armas se tornaram uma moeda trocada por drogas.

As armas preferidas

Por que as armas pequenas se tornaram as preferidas nas guerras recentes? Em parte isso tem que ver com a pobreza. A maioria das guerras dos anos 90 ocorreu em países pobres demais para comprar armamentos sofisticados. As armas pequenas ou leves são uma pechincha. Por exemplo, com 50 milhões de dólares (preço aproximado de um único caça a jato moderno) pode-se equipar um exército com 200.000 fuzis de assalto.

Às vezes, as armas pequenas ou leves saem bem mais barato que isso. Elas são reutilizadas em outros conflitos, ou exércitos que sofrem cortes de orçamento simplesmente doam dezenas de milhões de unidades. Em alguns países, há tantos fuzis de assalto disponíveis que eles são vendidos por apenas seis dólares ou podem ser trocados por um cabrito, uma galinha ou uma sacola de roupas usadas.

Porém, além do preço baixo e da disponibilidade, há outras razões para as armas pequenas serem tão populares. Elas são letais. Um único fuzil de assalto de tiro rápido pode fazer centenas de disparos por minuto. São também fáceis de usar e de conservar. Pode-se ensinar uma criança de 10 anos a desmontar e montar de novo um fuzil de assalto. Crianças também aprendem rápido a mirar e disparar o fuzil contra uma multidão.

Outra razão para sua popularidade é que essas armas são resistentes e podem continuar em operação durante anos. Atualmente, ainda se usam em guerras fuzis como os AK-47 e os M16, usados pelos soldados na Guerra do Vietnã. Alguns fuzis usados na África datam da Primeira Guerra Mundial. Além disso, essas armas podem ser facilmente transportadas e escondidas. Um cavalo pode carregar uma dúzia de fuzis para um grupo paramilitar escondido na floresta fechada ou em montanhas distantes. Uma tropa de cavalos pode transportar fuzis suficientes para equipar um pequeno exército.

Armas pequenas, problemas enormes

DURANTE décadas, as conferências para o controle de armas se concentraram nas armas nucleares. Isso não é de estranhar visto que uma única bomba nuclear pode destruir uma cidade inteira. Mas, ao contrário das armas menores, já se passaram mais de 50 anos desde a última vez que essas armas incrivelmente poderosas foram usadas na guerra.

O respeitado historiador militar John Keegan escreve: “Desde 9 de agosto de 1945, as armas nucleares não matam ninguém. Os 50.000.000 que morreram em guerras desde aquela data foram, na maior parte, mortos por armas baratas, produzidas em massa, e munição de pequeno calibre, cujo custo é pouco maior que o dos rádios transistorizados e pilhas secas que inundaram o mundo no mesmo período. Visto que o uso de armas baratas afetou muito pouco a vida das nações desenvolvidas, exceto em determinadas áreas onde prosperam o tráfico de drogas e o terrorismo, a população dos países ricos tem demorado para se dar conta do horror que acompanha essa prática mortífera.”

Ninguém sabe exatamente quantas armas pequenas ou leves estão em circulação, mas os especialistas calculam que as armas de fogo de uso militar talvez cheguem a uns 500 milhões. Além disso, dezenas de milhões de fuzis e pistolas de uso civil estão nas mãos dos cidadãos. Para completar, novas armas são fabricadas e despejadas no mercado a cada ano.

sábado, 28 de agosto de 2010

Violência nos esportes e nas diversões

Os esportes e as diversões têm sido procurados como meio de distração ou de descontração, para reanimar a pessoa para as atividades mais sérias na vida. Atualmente, as diversões são uma indústria multibilionária. Para conseguir a maior parcela possível deste mercado lucrativo, os fornecedores não hesitam em recorrer a quaisquer meios à sua disposição. E um destes meios é a violência.
Por exemplo, a revista comercial Forbes noticiou que um fabricante de jogos eletrônicos possui um popular jogo de guerra em que um guerreiro arranca a cabeça e a espinha do seu oponente enquanto os espectadores repetem: “Acabe com ele! Acabe com ele!” No entanto, uma versão deste mesmo jogo, feita para uma firma competidora, não contém esta cena sanguinária. O resultado? A venda da versão mais violenta ultrapassa a de seu competidor na proporção de 3 para 2. E isto significa muito dinheiro. Quando as versões domésticas destes jogos começaram a surgir no mercado, as firmas ganharam no campo internacional US$ 65 milhões nas primeiras duas semanas. Quando se trata de obter lucro, a violência é apenas mais uma isca para pegar consumidores.
A violência nos esportes é um assunto bem diferente. Os jogadores muitas vezes se orgulham dos danos que conseguem causar. Por exemplo, em certo jogo de hóquei, em 1990, foram aplicadas 86 penalidades — um recorde. O jogo foi interrompido por três horas e meia devido a lesões corporais. Um jogador teve um osso facial fraturado, uma córnea arranhada e um corte. Por que tanta violência? Um jogador explicou: “Quando se ganha um jogo realmente emocionante, com muita luta, vai-se para casa sentindo-se um pouco mais achegado aos companheiros do time. Eu achava que as lutas tornavam o jogo realmente espiritual.” Em tantos dos esportes atuais, parece que a violência se tornou não apenas um meio para atingir um objetivo, mas o próprio objetivo.