quinta-feira, 22 de abril de 2010

Como Eram as Coisas

Havia pouco tempo que eu fazia parte da polícia quando se me tornou evidente que muitos policiais aceitavam peitas. Era de conhecimento geral que alguns andavam por aí, recolhendo dinheiro de proteção, de jogadores e outras figuras do submundo.

Daí veio a investigação da corrução policial pela Comissão Knapp. Há cerca de quatro anos, pôs a corrução em foco, e, desde então, houve policiais que foram realmente condenados e encarcerados! Ademais, a conspiração do silêncio foi rompida — policiais começaram a denunciar a corrução. De modo que espalhou-se o temor, os guardas ficando com medo de serem denunciados por outros policiais, e isto contribuiu para uma limpeza.

Lançou-se um programa contra a corrução por todo o departamento. Colocaram-se cartazes nas delegacias, por: exemplo, explicando que o potencial de salários de um policial durante vinte anos de serviço e vinte anos de aposentadoria é de Cr$ 5.000.000,00, instando com eles a que não desperdiçassem tudo isso por aceitarem suborno. Temos um bom salário, agora, e duvido que muitos se arrisquem a perdê-lo por aceitarem qualquer espécie de suborno ou gorjeta.

Isso não significa que todos os policiais se tornaram fundamentalmente honestos. Certo Inspetor Chefe auxiliar aposentado está provavelmente certo ao dizer sobre ex-policiais corrutos: “Procuram agora mesmo oportunidades de ganhar dinheiro e comparam o dinheiro com o risco.” Parece que o fator risco precisa ser mantido em alto nível, como indicado em recente relatório policial ao identificar o medo de ser apanhado como razão das condições aprimoradas.

No entanto, compreendo que o público ainda considere a maioria dos policiais como corrutos; perdemos a credibilidade pelos nossos antecedentes passados. Também, a atitude persistente de colocar-se acima da lei de alguns policiais contribui para isso.

Esta perda da confiança pública, de credibilidade — resultando na falta de cooperação e até mesmo no ódio do público — é um dos fatores principais, creio eu, em perdermos a luta contra o crime.

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