quinta-feira, 22 de abril de 2010

“Mantem-se Agora Cômputos Mais Precisos dos Crimes Cometidos.”

Certamente é verdade que se faz agora um registro mais exato dos crimes cometidos do que há 100 anos. Assim sendo, uma comparação acurada entre os crimes cometidos nessa época com os cometidos agora seria impossível. Mas este argumento não seria válido se comparássemos os registros de 1977 com os de 1975, ou mesmo de 1970, não acha? E se, como se argumenta, mantemos agora melhores registros, deveríamo-nos perguntar: Por quê? Em si mesma, não sugere a necessidade de mais precisão e eficácia na manutenção de registros que as coisas pioraram?

Qual tem sido o empenho da polícia em compilar tais relatórios? Muito poucos crimes têm sido descobertos, e sendo a queixa registrada pelos próprios oficiais de polícia. Uma apuração dirigida pelo Instituto MaxPlanck, alemão, revelou que um total de 90 por cento do cômputo dos crimes por parte da polícia baseia-se na queixa dada pela vítima do crime ou por testemunhas. A manutenção de registros precisos, portanto, depende mais da boa vontade e prontidão do público de comunicar os crimes que vêem ser cometidos do que da polícia.

Há algo que indique que as pessoas estão mais cuidadosas ou conscientes agora em comunicar os crimes do que estavam no passado? Não, se havemos de acreditar nessa apuração: descobriu-se que foram comunicados apenas 46 por cento dos crimes cometidos contra as pessoas entrevistadas. Mais da metade ficaram sem ser comunicados, quer porque a vítima achasse que sua perda fora muito pequena para se preocupar, porque achasse que as possibilidades de o crime ser solucionado fossem mínimas, quer por outras razões pessoais.

Estes dados, que se comparam favoravelmente com dados similares da Suíça, dos Estados Unidos, do Canadá, da Austrália e da Finlândia, indicam que o crime é ainda pior do que as estatísticas revelam. Isto é apoiado pela revista alemão Der Spiegel, que disse: “Na verdade, o número [de invasões de domicílios durante o ano] é dez ou doze vezes maior [do que o comunicado].” Ela citou Werner Hamacher, encarregado do Departamento de Investigações Criminais do Estado de Nordrhein-Westfalen, que assemelhou o número dos crimes comunicados a “pouco mais do que o mais diminuto biquíni” a cobrir o corpo do total de crimes cometidos.

Desse modo, o que concluímos logicamente? Que o cômputo dos crimes comunicados é ainda muito incompleto e que as estatísticas no máximo podem indicar apenas certas tendências. Mas, longe de exagerar os fatos, na realidade as estatísticas contam apenas parte da história. Assim, o que acha? É realmente tão ruim assim? Ou é ainda pior?

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